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quinta-feira, 6 de março de 2014

Palmares Vive na Luta dos Garis

Um mar de negros vestidos de laranja invadiu as ruas do Rio. Sim é carnaval, mas não se trata de um bloco afro ou de uma ala de escola de samba, não tem porta bandeira, mestre sala, passistas, bateria, carros alegóricos nem artistas famosos. Quem passou foi o abre alas da classe trabalhadora, mostrando a sua força, fazendo mais barulho do que qualquer desfile e mostrando que a única escola campeã desse carnaval foi a greve e os piquetes, "escola de guerra" da classe trabalhadora.

Um Carnaval diferente, que tirou a mascara da democracia racial, mostrou em pleno período onde tudo é possível, onde as negras podem ser globelezas, rainhas, princesas e os negros belos sambistas, passistas fenomenais, onde até o Gari se diverte no meio do sambódromo qual é o verdadeiro lugar que o capitalismo guarda para o povo negro.
R$802,00 para limpar toda a sujeira, essa é a vida que os trabalhadores da Comlurb que ganham uma misértia para deixar a cidade limpa todos os dias. Não é a toa que esse trabalho seja hegemonicamente feito por negros, somos nós que ocupamos os cargos de trabalho mais precarizados, somos nós quem recebemos os menores salários, mas não seremos nós que ficaremos calados enquanto tentam nos obrigar a carregar os novos grilhões dessa moderna escravidão.
 

Nesses últimos dias Zumbis e Dandaras desfilaram pelo Rio de Janeiro na moral desse negros trabalhadores que decidiram se levantar contra sua miséria. Nem mesmo a pressão dos patrões, a traição do sindicato e a repressão do governos enfraqueceu esses lutadores.


Uma nova moral, vinda da senzala deve toma conta de nós. São eles de novo, os negros insurrectos lutando contra seus senhores, passando por cima dos que os traíram e lutando contra os capitães do mato.
A realidade se mostra mais uma vez como critério da verdade e deixa bem claro hoje que a luta dos negros é contra a exploração capitalista, contra as mazelas desse sistema. Que o racismo é oriundo de uma necessidade material de garantir mais riqueza em base a exploração e nos colocou nessa situação para garantir os lucros da burguesia. Se é verdade que luta contra o racismo deve ser encarada como uma luta de toda a classe trabalhadora, é verdade também que a luta pelos direitos da classe trabalhadora deve ser encabeçada também pelo movimento negro.
Uma amostra para toda a esquerda e para o movimento negro de que não se separa capitalismo e racismo. Um exemplo de que só as ações afirmativas, levantadas como solução dos problemas dos negros no nosso país pelo reformismo, não são capazes de resolver o problema do nosso povo.
Assim como na revolução do Haiti, que no momento de impasse os negros tiveram que entender que sua libertação dependia unicamente deles e que a burguesia nascente da revolução Francesa não estava preocupada em torna-los novamente escravos, passando por cima dos ideais de igualdade se lhes interessasse; é preciso perceber que para garantir o seu lucro a burguesia não pode dar direitos iguais para brancos e negros e que isso só é possível pela luta independente junto a classe trabalhadora. A burguesia, sendo ela branca ou negra, possui os mesmo interesses de classe, que são incondizentes com as necessidades do povo negro e da classe trabalhadora, por isso a luta contra o racismo é também a luta contra esses sistema de exploração.
Nessa greve se revela uma amostra da verdadeira situação dos negros no Brasil. Uma realidade que se mistura com a da classe trabalhadora, que os colocam como linha de frente na luta de classes como setor mais precarizado da classe operária. Um exemplo para os trabalhadores que devem se sentir responsáveis por essa luta e se colocar ao lado desses lutadores para arrancar a vitória da burguesia como uma lição para as novas lutas que estão por vir.
Uma nova experiência, ainda perdida. Se falta direção, não falta disposição de luta e todos os dias se aprendem novas lições. Esses garis não mais serão os mesmo, se tornaram sujeitos de sua luta, de sua história e hoje escrevem novos capítulos da luta de classes. Assim como os operários das obras do PAC, dos estádios da Copa do Mundo esses garis mostram como o povo negro deve se colocar em luta e ser exemplo para toda a classe operária.
A luta dos Garis do Rio de Janeiro é a luta de toda a classe trabalhadora, assim como do movimento negro. Temos a responsabilidade de nos colocar ao lados desses trabalhadores para barrar as demissões e garantir que suas pautas sejam atendidas. A vitória dos Garis no Rio de Janeiro é uma vitória de todos os trabalhadores e de todos os negros e negras.

VIVA A GREVE DOS GARIS!


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