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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Racismo em primeira pessoa.

    Hoje a discussão sobre o racismo em tomado de novo um grande espaço devido ao fenômeno dos rolezinhos e a resposta racista que temos visto.
Bom, mas é importante lembrar que ele sempre esteve entre nós, inclusive nesses lugares. quem é preto sabe o que é ir no shopping, ou numa loja e ser vigiado pelo segurança até o momento que saí, ficar sendo olhado pela vendedora com cara de quem ta perdendo tempo com vc pq sabe que não vai poder comprar os produtos.
    O racismo se expressa em todos os aspectos de nossa vida, dês das questões materiais como a impossibilidade de muitos de nos não termos acesso as necessidades básicas de sobrevivência, até como isso influência subjetivamente em nossa vida.
    O racismo faz parte dos alicerces de nossa sociedade, foi necessários para ideologicamente sustentar a acumulação primitiva de capital e ainda se faz necessário para sustentar a exploração da classe trabalhadora.
    A burguesia tem as mãos ensanguentadas pelas inúmeras mortes de negros há anos e por isso carrega consigo um racismo quase que irracional, e isso também faz parte da ideologia pequeno burguesa. A repulsa aos rolezinhos é um exemplo claro disso, mas poderíamos aqui citar outros tantos.
    Se nos livros dos pensadores da burguesia a democracia racial impera, sabemos que na prática o que existe é uma política extremamente racista, segragacionista e genocida.
Eles não querem frequentar os lugares onde os pretos estão, não querem ver negros nos espaços onde frequentam, só nós aceitam para limpar os servirem nesses locais. Não querem estudar nos mesmo lugares que nós, não querem casar com um de nós. E muitos de nós acabamos por ceder a essa pressão tentando ao máximo nos embranquecer, matando nossa historia que está encarnada no nosso cabelo, nariz, sorriso.... Que está na nossa própria existência que prova que ainda resistimos.
    Os culpados sempre são os negros, a composição racial nas cadeias, nos trabalhos precários, o termo cor padrão usado pela polícia e muitas outras coisas mostram para negros qual é o seu lugar nessa sociedade.
    Escutam nossas músicas, gostam de nossas comidas, danças, arte e etc... Mas jamais falam sobre a contribuição negra para a ciência, porque é perigoso mostrar que os negros pensam. É preciso mostrar que somos apenas emoção e não razão, por isso servimos apenas para sermos burro de carga, bandidos, atletas e objetos sexuais.
    O racismo se expressa das mais diversas formas possíveis, e nós crescemos sendo massacrados por uma avalanche ideológica, desenvolvendo uma subjetividade ligada a toda essa nossa experiência, incorporamos mesmo que inconscientemente  a ideia de imferioridade, nós achamos feios, menos inteligentes e etc. Ainda hoje, é difícil o dia que não tenho que lidar com os impactos psicológicos de 25 anos de existência numa sociedade extremamente racista.
    E é muito difícil quando percebemos como o racismo corta nossa alma cotidianamente e como nossos traumas e inseguranças Na verdade tem a ver com a nossa experiência com essa realidade sanguinária que nos mata silenciosamente todos os dias. Não é só o tiro da polícia que mata os negros, nem só a precarizacão da vida.... Morremos um pouco a cada dia, de tristeza, desilusão, solidão, angústia.q
    Perceber o que o racismo faz com a gente quotidianamente não diminui em nada a dor que sentimos, de certa forma aça nos dando uma certa angustia, pois percebemos que o problema é maior do que pensávamos e que é difícil de superar. Mas também nos ajuda, conseguimos tirar as vendas que nós cegam e procurar saídas que não a de conviver com essa tortura como se isso fosse normal, ou um problema nosso.
    Podemos nos apropriar da nossa historia, perceber que na verdade somos grandes guerreiros e que sempre lutamos, podemos aprender com os acertos e erros históricos e fazer parte da construção de uma outra sociedade.
    Mas o povo negro não pode fazer isso sozinho, uma das lições que devemos tirar dessa miséria em que vivemos é que não é possível uma mudança individual, que a libertação individual de um de nós é a nossa própria escravidão. Que não podemos nos libertar subjugando outros povos, que não existe libertação em base a exploração e a opressão.
    Mesmos que nos mostrem que é possível que um negro ascenda socialmente, e inclusive que tenhamos negros dirigindo países imperialistas, como é o caso do Obama sabemos que essas exceções só confirmam a regra, e servem para nos escravizar e culpabilizar. Pois se é possível um negro como nós ascender socialmente, só não o faz que não quer, mas será que é isso mesmo?
    Dentre as lições, a que deve ser a mais importante é a de que não existe libertação dos negros dentro desse sistema e que a única classe capaz de libertar a humanidade é a classe trabalhadora, responsável por produzir toda a nossa riqueza. Só os trabalhadores, em aliança com todos os oprimidos podem levar a frente o projeto de emancipação da humanidade, acabar com os capitalistas e produzir não para o lucro do patrão mas para o desenvolvimento da sociedade como um todo.
Isso significa que devemos deixar a luta contra o racismo de escanteio e lutar apenas pelo fim desse sistema? Ou que depois da revolução o racismo vai acabar como num toque de mágica? Não! Isso significa os trabalhadores devemos lutar junto aos trabalhadores contra o racismo, que devemos combate-lo no seis da classe trabalhadora e que mesmo com a tomada do poder teremos muito trabalho para construir a sociedade que desejamos.
    Muitas vezes nossas experiências podem nos levar a conclusões equivocadas, como que o problema do racismo são os brancos, que não devemos ter como companheiros de luta os que querem abrir mão de seus privilégios para lutar ao nosso lado, que a teoria marxista revolucionária é eurocentrada por isso não devemos nos apropriar dela e etc. 
    Pensamentos como esses podem nos levar a perder o foco e esquecer que, é o nosso verdadeiro inimigo, e continuarmos a nos desentender tornando vitoriosa a política da burguesia de nos dividir para dominar. 

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