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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Fala Sobre a questão Negra e Programa - Marcela Darido

               Nós vivemos em um país de extrema desigualdade social, construído em cima do suor e sangue negro. Basta olhar nas favelas, periferias, prisões e nos postos de trabalho mais precarizados que facilmente chegaremos à conclusão de que o racismo em nosso país ainda se perpetua. Se perpetua porque a classe dominante precisa, para dividir  e explorar a classe operária. Nós resistimos! Desde a escravidão os negros lutam contra sua opressão; de palmares à luta contra a violência policial nos morros do rio os negros resistem.

                Um racismo que “aceita” para oprimir, se utiliza do mito da “democracia racial” para dizer que em nosso país negros e brancos tem o mesmo direito e partem por tanto das mesmas condições para ascender socialmente. Que nega a resistência , a história e a identidade negra, que diz que entra a casa grande e a senzala existia uma relação harmônica.                

               NMas não nos enganemos, estamos falando de uma burguesia que cresceu esmagada entre o imperialismo e a resistência das massas negras, que é racista! Que não é capaz de dar direitos democráticos elementares para a classe trabalhadora e a maioria esmagadora do povo negro, como trabalho, moradia e educação dignos; ou o direito de não ter que tomar esculacho a todo momento e ter seu filho ou irmão assassinado pelo gatilho fácil da polícia, como acabou de acontecer com Douglas Rodrigues Zona Norte de São Paulo, provocando a revolta da população. Não é capaz porque tem medo que a consciência da desigualdade sentida pelos negros em nosso país possa se transformar em uma “revolução como a que foi feita no Haiti em 1971, quando o povo negro expulsou o imperialismo francês de seu país”. É  que, se os trabalhadores e os negros tomam consciência de sua própria força, as armas que até hoje são apontada para os negros acabem apontadas para nuca da burguesia.

                Não existe nenhuma mazela sentida pela classe trabalhadora que não seja muito mais profunda para os negros! Sabemos, por exemplo, que quem mais sofre com os altos preços do transporte público e com sua péssima qualidade são os negros, que moram nas periferias da e tem de atravessa a cidade para trabalhar. Negros e negras foram parte importante das utas em junho, quer seja com atos nas periferias ou nos grandes atos no centro das cidades.


                Se pensarmos na questão de moradia, também são os negros quem mais sofrem. Retirados de seus países, explorados nas fazendas por anos, após sua libertação foram proibidos de ter um pedaço de terra para plantar, e ao chegar nas cidades ocuparam os piores lugares para levantar as suas casas.              

                 Somos nós a mais porte da massa de trabalhadores rurais sem terras, que há anos lutam por reforma agrária, e nas cidades somo nós que fomos obrigados a morar nas favelas, morros e periferias em condições insalubres, em meio ao esgoto a céu aberto, sofrendo risco de desabamento e perdendo nossas moradias e familiares com as chuvas de verão. Enquanto isso no centro das cidades milhares de casas abandonadas, e uma política violenta de higienização, tudo pela ganancia dos que tudo tem.

                É preciso que lutemos pela reforma agrária e a titulação das terras quilombolas.


                Pela demanda de moradia defendemos expropriação sem indenização dos imóveis destinados a especulação imobiliária, junto à isso um plano de obras públicas controladas pelos sindicatos que garanta condições de moradia digna para todos e emprego. Que seja garantida pelo dinheiro dirigido a pagamento da divida publica externa e pelo imposto progressivo dos capitalistas.



                Na saúde, assim com na educação são os negros os mais atacados com a precarização, são negros aqueles que morrem nas filas dos hospitais públicos, a maioria dos que são barrados pelo filtro social do vestibular também são negros. A cultura e a resistência negra não são temas dos livros didáticos nas escolase  a maioria dos que tem de desistir de estudas para ocupar os postos de trabalho mais precarizados são negros.

                No caso das mulheres negras, a situação é ainda mais revoltante, se os homens negros ganham metade do salário dos brancos, as mulheres negas ganham um terço do salário dos homens brancos. Num pais que possui o maior número de empregadas domésticas do mundo, a maioria dessas empregadas são negras, se a precarização do trabalho tem rosto de mulher também tem a pele negra. Somos as que mais morrem pelo aborto clandestino e que no imaginário de nosso país, construído pele burguesia machista e racista, só podemos ocupar dois únicos papeis, ou somos a tia Nasticia ou a globeleza. Des de que nascemos temos a certeza de que não somos a beleza padrão e então assassinamos nossa identidade e mutilamos nossos corpos com alisamentos e vários tratamentos de beleza.

                As mulheres negras ainda cumprem o seu papel na casa grande, por isso os ricos ainda matem em suas casas o quarto de emprega. Enquanto isso nossos filhos ficam em casa sozinhos ou são cuidados por suas irmãs, ainda muito novas, pois o Estado não nos dá creches. 

                É preciso que as mulheres negras se levantem contra sua opressão, assim fizeram as terceirizadas da USP que junto do SINTUSP, com o apoio da Juventude conseguiram culpabilizar a universidade pelo atraso de seus salários e que essa luta se transforme numa luta contra essa nova escravidão chamada terceirização.

                Para garantir sua paz a burguesia tem seus capitães do mato, a polícia, braço armado do estado que é quem materializa com bala a politica de genocídio do povo negro, quem define que a cor da criminalidade é preta e usa seus camburões como navios negreiros e transformas as cadeias em grandes senzalas. Essas polícias podem até mudar de nome, mudar sua organização, mas continuarão cumprido o mesmo papel, os pretos favelados e periféricos sabem, as UPP´s também matam, assim como a civil e todas as outras. Na história do Amarildo se encaixa a vida de muito outros jovens negros e na resistência de Elisabeth e das mães de maio se expressam a luta de milhares de negros e negras contra o racismo em nosso país.

                Contra a política de genocídio defendemos o fim das UPP´s e das policias especializadas na repressão social e a punição dos torturadores e assassinos de negros e pobres.

                Não existe saída para o racismo por fora de uma mudança radical de nossa sociedade, assim como a questão negra é essencial para pensarmos na revolução em nosso país.


                Para nós os direitos dos negros devem ser encarados no marco dos direitos universais, o que significa que garantir direito a todos os negros só pode ser dar se esse direito for concedido a todos. O racismo faz com que os negros estejam sempre em desvantagem em nossa sociedade, sendo assim as ações afirmativas não são capazes de garantir aos negros os direitos que a burguesia não pode dar. Um exemplo claro disso são as cota, que colocam mais negros nas universidadess, mas ainda temos milhares de jovens negros fora dela. Para nós é preciso garantir ensino público de qualidade, laico e gratuito para todos e todas. A estatização do ensino privado começando pelos grandes monopólios e o fim do vestibular.

                Mas não só isso, é preciso que essa luta se dê em aliança com a classe operária, sem ilusões nos governos, que tem o papel de ajudar a perpetuar o racismo para manter os lucros da burguesia. 

                Não podemos ter qualquer tipo de ilusões em governos como o do Obama, que mesmo sendo um homem negro decidiu defender os interesses da burguesia norte americana imperialista e racista, que é responsável pela exploração e morte de centenas de milhares de negros pelo mundo.


                Só a classe operária, que tudo produz, com os seus métodos de luta pode ser capaz de tomar em suas mãos a luta dos oprimidos e explorados por suas demandas mínimas e democráticas mais sentidas.

                Contra o racismo devemos defender o fim do trabalho precário e efetivação dos terceirizados sem concurso público, iguais condições de trabalho e salário para negros e brancos e salário mínimo igual ou superior ao do DIEESE.


                                                Tomemos a luta de palmares como exemplo, não só para os negros, mas para toda a classe operária. Somos a resistência negra que nasce na escravidão e se perpetua até hoje nas lutas contra o racismo e nas greves operárias. Faremos com que a policia e o Estado paguem, pela morte do Amarildo, Douglas e todos os outros jovens negros vitimas dessa politica enocida. Derrubaremos esse sistema que nos divide e oprime para explorar. Com a força de Dandara, guerreira negra de palmares, construiremos uma nova sociedade onde a cor de nossa pele não será um pretexto para a opressão.


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