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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Sobre o Primeiro Turno das Eleições e os Negros

O Brasil é o maior país negro fora da África, foi onde mais chegaram negros escravizados e também o ultimo país do mundo a abolir a escravidão.  A discussão sobre a questão negra se torna de extrema importância em um país de maioria negra, é um elemento essencial para ser tratado pelos revolucionários, pois não existe revolução num país por fora de um programa que de resposta às demandas dos negros.
Negros e negras emergiram como protagonistas de importantes greves nesse país, dês de as greves da construção civil até a vitoriosa greve dos Garis do Rio de Janeiro. Em Junho a juventude negra também protagonizou as lutas contra o aumento da tarifa no país inteiro, além das lutas por moradia.
A morte do jovem pedreiro Amarildo levantou o debate sobre a politica de genocídio do povo negro, e o caráter da policia. A luta contra a violência policial se espalhou pelos morros, favelas e periferias, vimos vários levantes aconteceram principalmente no Rio de Janeiro onde os negros nas favelas são obrigados a conviver com uma ocupação militar, as UPPs.
Em um país de maioria negra, onde 55% dos votantes se auto declaram negros e pardos a discussão sobre políticas para o povo negro foi um elemento essencial para conseguir votos desse setor tão importante. Não a toa todos os candidatos discutem em alguma medida essa questão, tentando capitalizar os votos desse importante setor da sociedade.


Pela libertação, negro não vota em patrão!

O racismo é uma ideologia criada para sustentar a exploração dos negros escravizados. Hoje continua servindo para explicar como negros e negras ainda permanecem em situação de miséria em nosso país, fazendo parte do setor mais explorado da classe operária e sendo a maior parte da população que sofre com as mazelas da falta de moradia, transporte, educação, saúde e etc…A super-exploração e a miséria dos negros no nosso país serve para que os patrões continuem a aumentar suas taxas de lucros.
Para conseguir avançar nas demandas dos negros e negras é preciso por um lado unificar trabalhadores negros e negras e por outro atacar diretamente a classe dominante. A burguesia não é capaz de dar nem os direitos mais elementares para os negros no nosso país, por isso teremos que arranca-los a força dos patrões, para isso não podemos contar com os partidos que representam a classe dominante.
Os três principais candidatos dessa eleição: Aécio, Dilma e Marina são os grandes representantes da burguesia Brasileira. Nas suas campanhas recebem dinheiro de grandes empresas para defender seus interesses. Como quem paga a banda escolhe a música, essa ligação inviabiliza qualquer possibilidade desses candidatos serem representantes da voz dos trabalhadores e dos negros e negras.
Esses candidatos não podem resolver as principais demandas sentidas pelo povo negro. Não podem resolver o problema dos negros sem terra, nem dos quilombolas porque estão diretamente ligados ao grandes latifundiários que tem interesses nessas terras. Não poder resolver os problemas da educação, saúde, transporte e da terceirização pois estão ligadas aos grandes empresários, que lucram com a venda desses direitos e com a precarização do trabalho garantida com a tercerização. Não irão combater o preconceito às religiões de matrizes africanas, pois estão enrolados com a bancada religiosa que prega o ódio à essa religiões e impõe a morte de milhares de mulheres negras que abortam clandestinamente. São incapazes de tirar as tropas brasileiras do Haiti, pois estão diretamente ligados com as empreiteiras que lucram com a “reconstrução” desse país.
Mas esses candidatos também querem disputar os votos negros, por isso são obrigados a colocar no seus programas pequenas reformas cosméticas de combate ao racismo como forma de tentar desviar o contentamento dos negros. Esse programa não pode ultrapassar os limites impostos pelos setores da burguesia que defendem, por isso são tão restritos.
Os três programas tem em comum a discussão das ações afirmativas nas universidades, defendem a implementação de cotas raciais com algumas diferenças (Marina diz claramente que essa política tem prazo para acabar, Dilma expande as cotas ao serviço público e Aécio defende as cotas de uma forma bem difusa).
O movimento negro há anos tem reivindicado as cotas nas universidades, e essa é uma das únicas politicas que podem ser implementada por esses políticos causando o minimo de ônus possível. Esses políticos colocam em seu programa cotas para não ter que tratar do problema mais estrutural da Educação. Se por um lado é verdade que as cotas raciais colocaram muitos negros nas universidades públicas, também é verdade que 73% dos jovens negros de 18 a 24 anos estão fora das universidades e que dos 37% que estão cursando o ensino superior, a maioria estuda nas instituições privadas.
Para que todos os negros e negras possam estudar nas universidades é preciso atacar os grandes conglomerados da educação privadas, lutar pela estatização das universidades particulares sem indenização e pelo fim do vestibular, como única forma de garantir ques todos os negros que queiram possam entrar na universidade.
Marina, a negra a serviço da burguesia racista.
Marina, a única candidata negra a presidência, está longe de expressar a voz dos negros e negras desse país. Com o discurso de uma nova politica, defende a já conhecida politica da classe dominante, herdeira direta da casa grande. A velha politica racista que conhecemos bem, a politica do genocídio, da super-exploração dos negros através da terceirização, a politica de condições miseráveis aos negros para garantir o lucro dos patrões.
Essa negra se liga aos setores mais conservadores de nossa sociedade, ligada intimamente com a bancada religiosa que dissemina o ódio as religiões de matrizes africanas recebeu apoio de Marcos Feliciano politico que os negros, mulheres e homossexuais conhecem bem.  

Dilma, e o apio do movimento negro.
Para conseguir capitalizar o descontentamento do povo negro vários setores do movimento negro escreveram uma carta em apoio a candidatura de Dilma. Essa carta expressa como ainda hoje o PT consegue cooptar parte o movimento negro que acaba rifando as demandas negras em nome de um governo da burguesia.
Há 11 anos na presidência, o governo PT mostrou que não é capaz de resolver os problemas dos negros em nosso país. Ao contrário, durante esse governo o índice de morte do povo negro só aumentou, assim como o trabalho precário. Colocou a Força Nacional contra a greves operarias e para receber a Copa do mundo desalojou milhares de famílias, na sua maioria negras, entre outras politicas que atacam preferencialmente os negros e negras.
O PT foi responsável por mandar tropas para liderar a ocupação militar a ONU no Haiti, país que protagonizou uma revolução de negros escravos e que por conta dos ataques imperialistas é hoje o pais mais pobre da América Latina.
Dilma para não perder a relação com a bancada religiosa fechou os olhos para as milhares de mulheres, em sua maioria negras que morrem por aborto clandestino e colocou Marco Feliciano para presidir a comissão de direitos humanos.
O PT fez parte da história do movimento negro no brasil, e ainda hoje tem um peso importante nesse movimento. Por via da sua influencia nos movimentos sociais conseguiu cooptar amplos setores, desviando a luta dos negros e ao mesmo tempo se colocando com um dos principais setores que leva a frente a questão negro pelas suas politicas reformistas de conciliação de classe, como a implementação de cotas raciais e sociais, PROUNI, REUNI e etc….
Essas politicas são uma forma de dar um pouco com uma mão para continuar tirando com as duas os direitos do povo negro. Esse partido é incapaz de resolver as demandas mais elementares dos negros, porque para resolve-las teriam que atropelar os interesses da classe dominante, para quem governa.


Na luta contra o racismo não existe conciliação de classes!
Junho trouxe às ruas várias demandas democráticas sentidas pela juventude, pela classe operária e pelo povo negro. Nessas eleições vários setores da esquerda tentam capitalizar em votos o descontentamento popular. Entre esse setor se econtra partidos como  PSOL e  PCB que, apesar de defender o socialismo nos dias de festa tem uma estratégia reformista, de conciliação com a classe dominante, e por esse motivo são incapazes de lutar até o final pelas demandas dos negros.
A candidata a presidência pelo PSOL, Luciana Genro, tem aparecido para vários setores negros mais radicalizados como uma importante possibilidade de voto. Ela soltou uma carta de compromisso com o movimento negro onde apresenta várias iniciativas para combater o racismo, mas até onde pode ir o comprimisso dessa candidata, representante da estratégia reformista de conciliação de classes?
O PSOL nessas eleições recebeu 15 mil reais do grupo Zaffari (quinta maior rede de hipremercados do país), nas eleições passadas recebeu dinheiro da Gerdau, Marcopolo (industria de produção de ônibus), da Taurus (uma das maiores empresas de armas do mundo) entre outras.

Como se isso não bastasse esse partido se liga a alas da direita como em Macapá em 2012 onde fez uma coligação com PCB, PPS, PV, PMN, PRTB e PTC e teve apoio do DEM e do PSB, e nesse mesmo governo tem mostrado como pode conviver pacificamente com a burguesia.

O candidato do PCB, Mauro Iasi, apesar de levantar o debate sobre o socialismo e da verbarrogia de esquerda para capitalizar votos,  esconde a história desse partido que já se aliou por diversas vezes a setores da burguesia e que mundialmente afundo diversas revoluções. Esse partido ainda hoje se liga a setores da burguesia como mostrou sua experiência junto ao PSOL no Amapá.

Como é possível organizações que dizem estar ao lado dos trabalhadores e dos negros receber dinheiro da burguesia? Ou melhor, porque os patrões dariam dinheiro à uma candidatura que pretende acabar com suas regalias? Os interesses do povo negro e da classe dominante são contrários e irreconciliáveis, não é possível lutar de forma consequente contra o racismo recebendo dinheiro de quem lucra com as mazelas do povo negro.
Organizações reformistas, que não vem problema em receber dinheiro de patrão e que se ligam a setores mais “progressistas” da burguesia não serve para os negros que querem acabar com o racismo. Para os que são o setor mais explorado e precarizado da sociedade, não resta outra saída que não seja atacar a raiz de todas a nossas mazelas. Não podemos estar ao lado de quem ganha com a nossa pobreza.

PSTU no primeiro turno e o foto pela independência de classe.
O PSTU, tem mostrado suas limitações no que diz respeito a luta dos negros e negras. Por um lado porque não consegue superar o sindicalismo corporativista, não leva até o fim o enfrentamento necessário dentro da classe operária pelas questões democráticas para que essa possa ser capaz de unificar suas fileiras e se colocar a tarefa de tomas para si essa luta. Por outro lado organiza os negros e negras de forma separada, sem uma relação intima com os trabalhos operários, como se a luta pelos direitos democrático pudesse ser feita não pelas mãos da classe trabalhadora com seus métodos de luta, mas a partir de uma politica de pressão no Estado.
Sem ligar as demandas mais sentidas pelos negros a um programa que ao mesmo tempo que desvela o verdadeiro caráter de classe desse Estado racista, também prepara os trabalhadores e os setores oprimido para a grande tarefa de derrubada desse sistema e a construção de uma nova sociedade, o socialismo fica apenas para os dias de festa.
Apesar de ser um partido operário que tem como principio a independência de classe, nas eleições em vários estados se coligou ao PSOL e PCB. Uma frente eleitoral oportunista para tentar capitalizar eleitoralmente todo o descontentamento da juventude de junho e da classe operária.
Votar no Zé Maria e nos candidatos do PSTU onde ele não está coligado com PSOL e PCB é uma forma de reforçar a importância da independência de classe. Esse voto cumpre o papel educativo de mostrar que sem Independência de classe é impossível garantir os direitos dos negros e negras e ao mesmo tempo serve para combater o sentimento autonomista gerado muitas vezes pela péssima experiencia com os partido da ordem.

Um partido revolucionário dos trabalhadores.
Para além das eleições, o que se coloca na ordem do dia é a discussão da necessidade de um partido revolucionário da classe operária. Os partidos da ordem já mostraram que não governam para nós, precisamos de uma ferramenta que possa acompanhar o que tem de mais avançado na luta de classes, que possa servir como alavanca de processos de luta da nossa classe, resgatando o que temos de melhor em nossa história.
Um partido que consiga de fato organizar a classe operária junto a todos os setores oprimidos, que seja capaz de tirar lições históricas da luta de classes a das experiências mais avançadas do povo negro e da classe trabalhadora. Esse partido será capaz de ligar as questões específicas mais sentidas por nós negros a um programa que será capaz de desvelar a verdadeira face desse sitema, ao mesmo tempo que nos prepara para tomar nossos futuros em nossas mãos.
É preciso uma organização que possa ser a voz e a força dos oprimidos e dos explorados na luta contra nosso algozes. Uma organização que seja capaz de organizar a luta contra a burguesia pela libertação da humanidade das garras da exploração e da opressão.





PS: Carta-compromisso da candidata à Presidência pelo PSOL, Luciana Genro, com o Movimento Negro. -  http://lucianagenro.com.br/programa/contribuicao-negros/

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