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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Um Novembro Negro Nas Ruas e Nas Escolas

 O Decreto nº 1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabelecia que nas escolas públicas do país não seriam admitidos escravos, e a previsão de instrução para adultos negros dependia da disponibilidade de professores. Mais adiante, O Decreto nº 7.031-A, de 6 de setembro de 1878, estabelecia que os negros só podiam estudar no período noturno e diversas estratégias foram montadas no sentido de impedir o acesso pleno dessa população aos bancos escolares (BRASIL, 2004, p. 7).



Nesse mês da consciência negra, temos acompanhado um processo explosivo de luta da juventude em defesa da educação, ocupando escolas contra os ataques do governo Alkimin. Esse processo de luta aparece em um importante momento e deve servir como elemento de reflexão, para essa juventude que se levanta, assim como pros negros e negras que têm tocado a luta antirracista.

O maior país negro fora da África não só carrega em suas costas uma longa história de escravização de negros e negras sequestrados de suas terras, como para garantir seu papel na divisão internacional do trabalho tem como um de seus alicerces estruturais o racismo. Ainda hoje a burguesia não consegue esconder a gritante diferença social em nosso país, que de um lado possui uma elite branca profundamente ligada aos países imperialistas que concentram uma enorme parte da renda, e de outro a classe trabalhadora e os setores oprimidos, constituídos hegemonicamente por negros, que possuem uma péssima condição de vida. Mesmo entre a própria classe trabalhadora, e entre os setores oprimidos há grandes diferenças entre negros e brancos.

Essa relação étnica e econômica coloca o racismo não só como um fenômeno a ser combatido na sua expressão mais cultural, mas também na sua base material que o torna um elemento aprofundados dos problemas sociais primeiramente para os negros, mas com reflexos para o conjunto dos oprimidos e explorados. Nesse sentido a educação se coloca como elemento democrático que deve ser encarado como uma demanda negra, desde seu acesso até seu conteúdo e as relações étnicas no próprio cotidiano escolar.

A história da educação e da escolarização, como parte da produção cultural da humanidade (fruto das relações de trabalho), não só caminha lado a lado com a luta de classes como carrega dentro de si as contradições de classe de sua época. No Brasil isso não é diferente. As primeiras experiências de educação do Brasil Colônia aparecem com os jesuítas. As missões jesuíticas são mandadas ao país para cumprir o papel de catequizar os povos originários, indígenas, e ajudar na colonização do território.

No século XIX a elite abre uma grande discussão na imprensa sobre a necessidade ou não de educar as classes populares e quais deveriam ser as finalidades dessa educação. Apesar de haver uma grande ruptura entre classe dominante e o resto do povo, para que pudesse avançar no seu projeto de construir uma nação civilizada nos trópicos seria preciso educar os cidadãos. Uma educação que fosse suficiente para a população ter um mínimo de civilidade.

Os negros não se encontrava entre os cidadãos que deveriam ser educados. Carregando um forte sentimento racista e se baseando principalmente no pensamento eugenista, a elite defendia que era preciso acabar com os negros. A miscigenação serviria como arma para conseguir branquear a população, uma etapa necessária, os mestiços seriam apenas um processo de transição para uma sociedade mais avançada. É por isso que os negros não estavam inclusos em nenhum projeto social da elite.

Na primeira república se expande o número de escolas públicas de nível primário, esse aumento leva também a uma maior demanda por livros de leitura. Esses materiais versavam sobre dois temas principais: as belezas do país e o povo brasileiro. Esses temas tem uma forte relação com a necessidade de uma república que acaba de se emancipar de tentar encontrar uma identidade nacional e se livra de todo o seu passado obscuro. Como podemos imaginar esse material carregava consigo todo o ideário da classe dominante, portanto impregnado de um forte racismo. Esse é parte do processo necessário para que o país negasse todo seu passado negro e pudesse caminhar para um futuro branco.

Dês do inicio do processo de colonização a educação brasileira carrega um caráter altamente excludente, principalmente para os negros. Mesmo com o desgaste das teorias racistas mais abertas que defendiam a eliminação dos negros para que o país pudesse avançar e com o fortalecimento da tese da democracia racial os negros ainda sofrem no ambiente escolar. Hoje a culpa por anos de escravidão e marginalização que geraram uma enorme desigualdade racial é individualizada. Ou seja, a partir da proliferação da tese da democracia racial se fortalece a visão de que se os negros não conseguem sucesso na escola, a culpa é deles, pois brancos e negros supostamente possuem igual oportunidade.

O que vemos é que mesmo muito antes de adentrar a escola o racismo aparece como barreira social para que negros e negras possam estudar. As condições de vida da maioria dos negros são uma pressão concreta para que não consigam avançar nos estudos. Esses problemas começam dês da falta de creches públicas, se expressam também na necessidade de adentrar no mundo do trabalho, na violência estatal que prende e mata a juventude negra e em mais uma gama de problemas que o racismo impõe. 
 
 Os baixos índices de escolarização enfrentados pelos são fruto de uma política histórica de marginalização e opressão. As condições precárias de vida se juntam a uma política clara de exclusão dos negros do ambiente escolar dês de o fim da escravidão. Na cidade de São Paulo, assim como em todo o país as diferenças em dados como o índice de morte entre negros e brancos já é uma clara demonstração de como diferentes fatores interferem na diferença de escolarização.
  


Segundo o IPEA:

“Apesar do crescimento na média de anos de estudo da população em geral (aproximadamente 1,5 anos) ao longo da década 1993-2003, o diferencial entre negros e brancos caiu muito pouco neste período. Se em 1993, esse diferencial era de 2,1 anos a favor dos brancos, em 2003 ele cai apenas para 1,9. Mas estes diferencias são menores para pessoas com 15 anos ou mais de idade e maiores ainda para 12 anos ou mais de escolaridade” 

Dados do IBGE mostram que em 2003 a média de anos de escolaridade dos brancos era de 8,1 enquanto de negros era de 6,7, já em 2009 esse número sobre para 9,1 para brancos e 7,6 para os negros. Mantendo ainda uma grande desproporção nos anos de estudo. Todos esses dados mostram o resultado de uma política de Estado racista que na educação já apresenta seus primeiros resultados nas dificuldades que a juventude negra tem de terminar a sua educação básica, se  falarmos do nível superior os números são ainda piores.

Dentre tantos outros fatores que podemos levantar, no Brasil existe uma segregação espacial que impõe à maior parte dos negros a morar nas zonas periféricas dos grandes centros urbanos. Nesses locais os aparelhos públicos, incluindo as escolas, quando existem são em sua maioria precários, seja na sua estrutura física ou mesmo na sua qualidade. Aos negros então sobram as escolas de pior qualidade, o que dificulta ainda mais seu processo educacional.

A realidade é, que apesar dos anos de luta do movimento negro por educação, sabemos que, mesmo com algumas melhoras, ainda hoje somo nós os mais excluídos do processo educacional desde os seus níveis mais básicos. 

Segundo o IBGE, a proporção populacional é 37% de negros na cidade de São Paulo, essa população se concentras nas regiões periféricas e ainda apresenta um baixo nível de escolaridade e de condições de vida em relação ao brancos que aqui vivem. O governo da cidade de São Paulo lançou um documento que deve nos ajudar a compreender essa disparidades para entender o papel do movimento negro na luta em defesa da educação.

A tabela abaixo mostra o desenvolvimento do nível de escolaridade segundo raça na cidade de São Paulo entre 2000 e 2010:





Os negros possuem índices escolares menores dos que os brancos, e sabemos que são inúmeras as questões que levam à juventude negra abandonar o ensino. Possuem um pouco menos que o dobro do índice de brancos dos que não conseguem completar nem mesmo o Ensino Fundamental, ao mesmo que quando vemos o índices dos que possuem Ensino superior completo o índice nos negros fica perto de ¼ dos brancos.

Bom, depois de vermos essa disparidade no nível educacional, não é difícil chegar a conclusão de quem será o setor mais prejudicado pela “reorganização” do governo do estado. 
É a juventude negra quem mais vai sofrer com esses ataques, é essa a parcela da juventude que já possuí acesso a uma educação precarizada e que agora vai ter esse acesso ainda mais dificultado; que como se já não bastasses o aumento dos índices de desemprego, os trabalhos precarizados ainda tem de viver com a realidade das chacinas policiais e a possibilidade da redução da maioridade penal.

Num país onde a questão de classe e raça se mistura tão profundamente, não é possível separar a luta negra da luta contra as mazelas dos oprimidos. O racismo aparece como um fator agudizador de todos os problemas sociais, sendo assim, ao tratar das demandas mais elementares de nosso pais é preciso lembrar e levantar as especificidades negras junto as pautas mais universais, ao mesmo tempo que o verdadeiro combate ao racismo tem como desafio acabar com toda a estrutura social e política racista.

É por isso que nós, militantes negros e negras, devemos tomar essa luta como nossa, e não só isso, devemos encara-la no marco de uma luta contra o racismo, uma luta que é de raça e também de classe.

É preciso unificar as demandas especificas do movimento negro à luta por um direito que deve ser universal, a educação, potencializando a luta contra um único inimigo ao mesmo tempo que vamos ao poucos ampliando o leque de parceiros. Os estudantes tem a cada dia mostrado sua força e a criatividade para manter as ocupações e garantir o seu futuro, em muitas escolas os jovens negros tem se colocado como linha de frente desse processo. 

Algumas escolas já tem realizado atividades para discutir dentro das ocupações o racismo, precisamos ampliar esse debate, cada escola ocupada deve se colocar ao lado da luta contra o racismo, assim como todos os setores do movimento negro deve estar lado a lado ajudando no necessário essa luta da juventude.


Em um momento, onde existe um nível de politização importante, onde a questão da identidade racial tem conseguido furar a barreira da democracia racial, onde a população negra e principalmente a juventude tem sofrido uma série de ataques, é preciso se audaz, sair da rotina ocupar as escolas também com a nossa luta. O movimento negro há anos se apropriou do dia 20 de novembro como um dia de luta contra o racismo, e todos os anos nos organizamos para marchar e colocar nossas pautas na rua. Mas um dia de luta contra o racismo, que não possa se ligar aos processos de luta reais, se torna só mais um dia no calendário.

Atos estão sendo chamados pelo movimento negro e pelos estudantes em luta, é necessário unificar as lutas em um único e grande ato em defesa da educação e contra os ataques à população negra! É precismo aglutinar forças em ambas as lutas! Unificar os setores antigovernistas conformando um bloco que, mantenha a independência de classe e se utilize das ferramentas criadas pela classe trabalhadora para defender as escolas dos ataques de Alkimin, e preparar uma unidade operária, negra e estudantil contra os ataques do governo PT e a bancada conservadora.
Nem com o governo, nem com a direita, é caminhando independente que nós, negros e negras, devemos nos unificar com os estudantes em luta fazendo desse Novembro Negro um marcos que vai abrir os caminhos para a massificação de grandes lutas!

Hoje, a pergunta que devemos responder é: como será o nosso Novembro Negro? 






terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sobre a Crise, o fim da SEPPIR e o Movimento Negro.

No dia 02/10 a já esperada reforma administrativa foi anunciada pela presidenta Dilma Russef, a partir da unificação entre Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) se formou o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Como resposta a crise. A politica de enxugar os gastos do governo não por um acaso esbarra  SEPPIR.

A relação do Partido dos Trabalhadores com o movimento negro e com um estratégia capaz de combater seriamente o racismo hoje mostra sua verdadeira cara já nos primeiros ajustes governamentais da crise. A pergunta é, o que iremos fazer a partir dessa experiência de 12 anos de PT e de suas políticas para os negros e negras no país?

Criada Há12 anos, no inicio do governo PT a Secretária foi fruto de uma longa luta dentro e fora do partido, e é preciso entende-la de forma dialética (e tentarei me esforçar para que o seja) para que possamos pensar nos novos desafios colocados pra nós, negros que queremos avançar no combate ao racismo.

Primeiramente é importante colocar que o movimento negro desda Frente Negra Brasileira sempre entendeu a importância da sua participação no governo, como esse movimento nunca foi homogêneo, a própria ideia de se inserir no governo tinha ligação com diversas estratégias de diferentes setores, o que também diferencia o papel do negro nesse Estado, que é burguês e que defende os interesses de uma classe.

Se pensarmos na própria história do PT, onde setores do Movimento Negro confluíram com o movimento operário, estudantil e intelectuais. Poderemos perceber que só através das lutas que se estendem desde sua criação foi possível em 2002 a primeira elaboração de um programa para a presidência que se tratava da questão negra (Caderno - Programa Brasil Sem Racismo”). Então, apesar do partido sempre ter apoiado a luta contra o racismo e fazer parte do movimento negro, inclusive ainda hoje dirigir e ter importante influencia na direção de organizaçãoes, muitos militantes apontaram na história que questão negra era secundárizada no partido.

Pois bem, com a eleição de Lula, em 2003 uma parcela importante do movimento negro acaba entrando no aparato estatal (como ministros, nos conselhos e etc) e assim se dá a tentativa de enegrecer a cara das politicas do governo. É importante ressaltar que a incorporação de negros nos governos não foi uma novidade desse período mas vem de um processo anterior que vem desda democratização onde os governos vão de alguma forma abrindo canais de dialogo com o Movimento Negro, como forma de tentar principalmente cooptar as suas lideranças. A partir de Lula essa política só eleva de nível colocando boa parte dos quadros do movimento negro dentro de seu governo.

Se por um lado essa integração é parte da exigência de setores do movimento negro, inclusive a possibilidade de ter um orgão especifico nacional que pense, elabore e acompanhe políticas contra o racismo, por outro essa integração é parte de um processo que acabou gerando certa desorganização do próprio movimento. Mas como assim?

Precisamos pensar em que contexto existe a SEPPIR. A sua ligação ao governo e também a sua dependência da verba do Estado gera uma relação em que ao mesmo tempo que deve responder aos anseios dos negros brasileiros, expressos principalmente pelas pautas do movimento negro, por outro lado há uma grande pressão (quase uma imposição) em seguir a politica do partido da ordem, já que é o presidente que indica sua direção. Esse movimento, onde a pressão do governo tem sido muito maior do que qualquer outra, acaba fazendo com que essa secretária tenha que assumir um posto de defensora da política demagógica e restrita do governo, contendo o movimento negro com as pequenas negociações de concessões que o governo permite.

A então nomeada Chefe do novo ministério Nilma Lino em sua primeira aparição falando sobre essa mudança já é uma clara representação do que coloco acima. Enquanto vários setores do movimento negro dizia não ao rebaixamento da SEPPIR e sua unificação (“NENHUM DIREITO A MENOS, DEMOCRACIA SE FAZ COM DIÁLOGO E PARTICIPAÇÃO”) Nilma declara em entrevista que: “Acho que a minha indicação é a expressão do compromisso da nossa presidenta, do compromisso do governo federal com os movimentos sociais, com uma parcela da população que apoia esse governo, que está junto conosco, que é beneficiado pelas nossas políticas, de mostrar que o Estado brasileiro incorpora sua diversidade também na forma como compõe o seu primeiro escalão”

Outro exemplo de como isso se dá na prática é a própria criação do “Estatuto da Igualdade Racial” que completa 5 anos. Um processo onde grande parte do movimento negro investiu esforços se mostrou um grande golpe. No final de todo o processo de negociação e muita disputa política foi aprovado um estatuto que tinha um caráter autorizativo, ou seja um documento com normas não obrigatórias que não previa recursos para a implementação de politicas afirmativas nem para seu monitoramento.

Esse Estatuto não pensa na política mais importante pra nossa juventude negra que é o genocídio, e acho que o fruto disso temos visto hoje com o aumento da morte de nossos irmãos enquanto o índice de morte da juventude branca diminuiu. Podemos dar outros exemplos como a não garantia da titulação das terras quilombolas e etc. Mas isso significa que a partir disso não houve avanços em nada no combate ao racismo?

Onde percebo o maior avanço nas políticas raciais é no que diz respeito as ações afirmativas, é claro que houveram outros avanços mas ainda muito pequenos perto inclusive das espectativas dos negros com um governo que seria dos trabalhadores e dos oprimidos. E é claro que esses avanços não são frutos da bondade do governo, ou de seu compromisso com os negros e negras, mas são concessões que esse teve que dar por conta da mobilização do movimento negro em conjunto com outros movimentos sociais.
Ao mesmo tempo não podemos deixar passar desapercebidos que algumas das políticas do governo por conta da necessidade de ter que também da resposta a burguesia, auxiliaram com algumas aspas os negros e negras, um exemplo claro disso é o ProUni (Programa Universidade para Todos) e o FIES que são claras tentativas de salvar o bolso dos grandes empresários da educação superior preenchendo as vagas ociosas em universidades particulares. Bom, o resultado dessas politicas estamos vendo agora com o processo de crise que tem feito milhares terem que abandonar seu sonho de terminar uma graduação pois não conseguiu o prosseguimento do Financiamento.


Esse processo é um marco importante na experiência do movimento negro com o parlamento, com o governo do Partido dos Trabalhadores e com a própria democracia burguesa. Se aos primeiros sinais da crise o governo federal já dá claros indícios de que lado vai ficar, de qual será a importância da questão racial e como se dará a relação com os trabalhadores e a juventude, nó precisamos unir forçar para que primeiramente seja possível defender nossas conquistas, e nos defender contra os ataques dos setores conservadores e também do governo do Partido dos Trabalhadores.

Num momento de crise, o Estado, balcão de negocio da burguesia precisa trabalhar para garantir que os capitalistas não tenham que pagar por ela, para isso alguém terá que pagar, seja pela redução da maioridade penal, aumento de impostos, ataque aos direitos trabalhista, aumento da repressão etc. Não podemos ter duvida, somos nós os primeiros e os mais atacados, eles vão querer atacar qualquer politica que com anos de luta conseguimos arrancar.

Nesse momento é preciso avançar, de preferência a passos largos. Esse é o momento onde já é possível e mais do que isso é extremamente necessário fazer um balanço estratégico do que significou esses 12 anos de governo PT, desses 30 anos de “democracia” pós ditadura  para que possamos avançar numa luta conseguente contra o racismo e para que não paguemos pela crise.

Precisamos construir no movimento negro um pólo de unidade que aglutine todos os setores antigovernistas para combater a bancada conservadora, mas também para ter autonomia para levar a frente a defesa das demandas do nosso povo. organizando a luta em conjunto com outros setores contra os ataques da crise, colocando sempre as necessidades dos negros e negras e principalmente impondo a discussão racial em todas as lutas e em todos os espaços. Afinal, o combate ao racismo deve sim ter como protagonistas os negros organizados, mas é preciso colocar nossa luta na altura de importância que ela tem.

É preciso que atuemos em todos os lugares onde estamos seja local de estudo, trabalho ou moradia de forma organizada ligando cada atuação a um plano do movimento para mobilizar e lutar. Precisamos colocar a nossa luta na ordem do dia, a construção social e econômica do nosso país nos coloca uma importante tarefa de responder as necessidades de nosso povo, já que é impossível uma verdadeira transformação social sem nós, sem levar a sério a luta negra!

Somo um setor determinante na luta de classes no país, se é verdade que o que vivemos históricamente é setores da esquerda e da direita usar nossas pautas, e cooptar nossos quadros não por querer responder de forma consequente as nossas demandas, mas sim para usar nossa mobilização e força como massa de manobra também é verdadeira a urgência de nos organizarmos.

Não estou querendo apagar a história do movimento negro, mas é preciso sim fazer um balanço dos erros históricos, superar ideias e vícios que não nos ajudaram a avançar, ver quais ideias nos servem, até porque se o movimento negro não é homogêneo sua história também não é. O que levanto é a necessidade de avançar, a história não espera, os ataques estão vindo, nossos irmão estão morrendo, sendo presos, demitidos e etc O que iremos fazer?

Por fim, acredito que os caminhos só podem ser traçados a partir de organização ou reorganização dos nossos. A experiência das politicas raciais do governo mostram centralmente que sem uma politica de independência de classe, de autonomia é impossível levar a frente nossas demandas que são inúmeras, por isso é urgente balanços, organização e estratégia para levar a frente nossa luta e principalmente para resistir a essa crise.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Obama retoma Martin Luther King para conter a luta dos negros



Originalmente publicado em 09 de março de 2015





Nesse sábado, dia 07 de março o primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama, fez parte da marcha em Selma que comemorou 50 anos da grande marcha por direitos civis que resultou no direito voto aos negros.


Essa marcha foi liderada por Martin L. King após uma primeira tentativa que foi duramente reprimida pela polícia, esse episódio ficou conhecido como “domingo Sangrento”, a resposta foi uma marcha de milhares.


O filme que conta a história sobre esse processo ganhou prêmio de melhor trilha sonora no Oscar. As ideias de King têm aparecido com muita força no último período, impulsionadas em certo sentido por setores como o presidente Obama, que fez um apelo para que a população siga o “espírito de Selma”. Mas por quê?


A primeira vista, um presidente negro que reivindica que os negros marchem pelos seus direitos assim como fizeram vários negros e negras ao lado de King parece muito progressista. Mas é preciso analisar melhor o desenvolvimento do próprio movimento negro da época para entender porque em tempos de revoltas populares como Ferguson o governo usa Selma como freio para a rebeldia negra.


Isso se justifica do seguinte modo: além de King, vimos nos EUA no fim da década de sessenta surgir um setor do movimento negro muito mais radicalizado, esse setor ficou conhecido como movimento Black Power, alguns grupos e figuras desse setor são muito conhecidos como Stokely Carmichael, Malcolm X e o Partido dos Panteras Negras. Mas qual a diferença?


O movimento Black Power, tirando conclusões das tentativas dos negros na luta por justiça e liberdade decidiu seguir um caminho diferente de King. Percebeu que não era possível fazer pequenas reformas para inserir os negros na sociedade Norte Americana. Os negros não poderiam se libertar até o fim das amarras sociais e econômicas de anos de escravidão sem acabar com o esse sistema.

Heuy P. Newton, em uma mensagem à sessão plenária da Convenção Constitucional dos povos revolucionários, ao colocar a situação dos negros norteamericanos diz que:

“Nós não compreendíamos, no entanto, que qualquer tentativa de cumprir as promessas de uma revolução do século XVIII no quadro de uma economia e de uma sociedade do século XX estava fadada ao fracasso.(...)


O Movimento dos Direito Civis não conseguiu a promulgação dessas leis e, de fato, nunca a conseguiria dada a natureza da sociedade e da economia americanas. A perspectiva do Movimento de Direitos Civis era a de alcançar objetivos que dois séculos de transformações violentas modificaram profundamente.


Consequentemente, o Movimento dos Direitos Civis – e os movimentos similares- não conseguiu criar quaisquer bases para a vida, a liberdade ou para a felicidade. Só criaram humilhantes programas de ajuda social, de compensação contra o desemprego, programas que, embora conseguindo enganar o povo, são incapazes de modificar a repartição fundamental do poder e dos recursos deste país.


Além disso, enquanto estes movimentos tentam integrar as minorias no sistema, vemos que o governo prossegue a sua política, a qual contradiz a sua retórica democrática.” ¹

Chegando a se apropriar de teorias marxistas, como no caso do Partido dos Panteras Negras e outro, o que esses grupos se propunham era a derrubada desse sistema a partir da organização dos setores oprimidos. Sabiam que o Estado que governa para uma classe dominante e no caso dos EUA para os grandes monopólios não poderia dar-lhes nada a não ser essa vida miserável e a violência policial que já conheciam há anos.


Esses setores não se radicalizaram apenas no conteúdo, mas também nos métodos, se armando para se proteger da polícia, alguns setores optando pela luta armada, organização de greves selvagens em Detroit e etc. Ganharam respeito de grande parte da comunidade negra e foram um grande problema para o governo, foi preciso destruir essas organizações e matar seus líderes para resolver esse “problema”. Os negros não poderiam decidir seu próprio caminho, pois isso significaria colocar de pé, como protagonistas de uma luta para derrubar esse sistema, um dos setores mais oprimidos, mostrando para o “Terceiro Mundo” e para os negros do mundo inteiro que temos um inimigo comum.


Os atos em resposta a morte de Mike Brown e Eric Garner, retomaram um espírito de radicalidade, com aparição de grupos armados como “Heuy P. Newton Guns Club”, enfrentamento com a polícia e etc. Mesmo com a tentativa de vários líderes negros e até mesmo da polícia e do governo de acalmar a revolta popular o que esse episódio mostra a todos e todas é que o povo negro sabe que são alvo da polícia e que o fato de ter um presidente negro no país não alterou em nada a realidade cotidiana dos negros nos EUA.

“Justiça”, era isso que exigiam, mas nem isso o governo norteamericano podia dar, o policial que matou o jovem Michael Brown não foi nem será processado pelo governo. Assim como a polícia não deixará de assassinar os negros nos EUA, pois isso não é apenas uma questão que preconceito da corporação ou falta de policiais negros. Isso faz parte da estrutura de um estado e de um sistema que foi criado e se sustenta pela subjugação dos negros, das mulheres dos LGBTs e etc.


Para que essa rebeldia não reviva o espírito Black Power é que o governo na imagem de Obama tenta a qualquer custo reviver o espírito de Selma. Mas será que o espírito de King e a marcha por direitos civis é capaz de mudar a realidade vivida pelos negros hoje?


O que aponta tanto a experiência do movimento negro norteamericano como os próprios levantes contra o assassinato de negros pela polícia é a necessidade da organização dos negros e negras para dar uma resposta radical que esteja a altura dos acontecimentos e que tire lições políticas dos erros e acertos dos grandes movimentos anteriores para atacar com ainda mais força esse sistema criado para nos explorar, humilhar e oprimir. Que seja internacional e que ligue todos os oprimidos e explorador e que consiga atacar o coração do capitalismo.


1- http://pretotrotskismo.blogspot.com.br/2014/04/mensagem-de-huey-newton-sessao-plenaria.html

Mike B. e Amarildo: duas faces da mesma América



Um espectro negro ronda os EUA e a história se repete novamente, os negros se levantam contra o racismo que aponta suas armas para a juventude preta e pobre.


Tão longe e tão perto. Mike e Amarildo têm em comum muito mais do que sua cor. Jovens negros vítimas de Estados baseados no racismo, na arma da polícia que privilegiadamente aponta pra os pretos. Tronaram-se símbolos do sofrimento negro, da juventude que tem na cor de sua pele a sua sentença de morte.


A mesma cor, a mesma história. Morreram como mais um exemplo do lado mais perverso da existência negra. Mas suas mortes não foram em vão, seu sangue alimentou a força dos que nada têm a perder.


E como se fosse possível, acenderam no Brasil e nos EUA a faísca do exercito de Zumbi. Nem mesmo o presidente negro ou a mulher do Partido dos Trabalhadores conseguiram calar a indignação de um povo que não aguenta mais. Cuidado, os negros estão perdendo o medo de suas policias, começam a questionar seus líderes conciliadores, são novos guerreiros, heróis que se erguem com sede de justiça.


Vejam, em vários lugares do mundo, a juventude e os trabalhadores despertaram do sono da ofensiva neoliberal. Agora é a vez dos pretos, a burguesia treme de medo. E se a revolta inspirar um novo Haiti? A mascara da “democracia racial”, da sociedade pós-racial, começa a cair, e a verdadeira cara da escravidão moderna aparece. Seja nos morros do Rio de Janeiro contra as UPPs, ou nos bairros pretos dos EUA, os negros decidem protestar contra a violência policial que assola suas vidas desde a escravização.


Ao questionar o braço armado do Estado burguês, esses negros devolvem as balas no coração do capitalismo. Sem as armas, como a burguesia protegeria sua propriedade privada? Como conseguiriam dominar? Se num país imperialista como os EUA, alguns pretos conseguiram ter alguma ascensão social, o que sobra para maioria é o trabalho precário, a vida nos guetos, a prisão e a morte pelas mãos da policia.


Do outro lado da América, a burguesia não pode permitir nenhum tipo de ascensão, senão apenas algumas cotas para uma pequena minoria enquanto a maioria esmagadora segue na mesma situação. Cede algumas poucas coisas para enganar o maior exército negro fora de África.


Olhamos com alegria esse levante! Me soa como a melhor das músicas do Facção Central. Mas é preciso mais do que revolta e força, precisamos aprender com os erros e acertos dos guerreiros que nos antecederam. Precisamos nos organizar transformar o ódio em força revolucionária, transformar a ânsia por justiça em organização.


Unir os oprimidos contra os que nos matam, dividir tudo com os que não tem nada!

Nossa tarefa é difícil. Eles têm o Estado, têm os meios de produção, têm a ideologia dominante que nos divide. Mas nós estamos em todos os lugares, em cada fábrica, escola, em cada local de trabalho, somos um exército gigante que não tem nada a perder.


No Brasil, a favela não se cala, mas a falta de uma organização revolucionária de trabalhadores socialistas que ligue a voz dos pretos da periferia com os que possuem em suas mãos a força de parar o mundo impede que os gritos dos bravos guerreiros ecoem mais alto. Assim, a polícia continua a nos matar. Em Belém, a periferia escorre sangue negro. Nas favelas de São Paulo, toque de recolher.


Nos EUA, a luta se reacende. Pode e deve ir além da punição do assassino de Michael Brown. É preciso levantar um programa que seja capaz de responder as indignações das ruas e atacar o racismo pela sua raiz, organizando os negros e negras ao lado dos trabalhadores contra a polícia, o Estado e os patrões.

Precisamos Conversas Sobre a Polícia II



A Necessária polemica com a desmilitarização.

O programa de desmilitarização parte de um problema concreto: a violência policial. Organizações políticas de esquerda, movimentos sociais, movimento negro, representantes da burguesia internacional como a ONU, até mesmo alguns setores a própria policia defendem a desmilitarização como saída para esse problema.

Dentro da luta pela desmilitarização encontramos diferentes significados para esse elemento programático, primeiro discutiremos com as que visam: Apenas da forma a polícia e não de seu conteúdo, apontando para a necessidade de unificação das polícias e retirada de patentes (ou seja uma policia única sem hierarquia), mas sem alterar ação policial; as que fazem um questionamento da formação policial de guerra e do julgamento dos crimes policiais serem tratados em tribunais militares.

Na correta intenção combater a violência policial contra os negros, o genocídio e o encarceramento alguns setores acabam atacando apenas a ponta do iceberg, a polícia militar. Vejam, uma polícia truculenta, racista e assassina não é resultado da forma de organização militar de um setor da polícia, ou até mesmo uma questão de valores e etc. É sim uma necessidade de uma sociedade tão desigual onde a questão de raça e classe se entrelaça profundamente desde sua origem.

Mas não podemos negar totalmente alguns elementos expressos nesses pontos programáticos, pois parte da luta contra a violência policial deve ser o fim alguns privilégios da policia como tribunais militares, patentes, assim como a retirada mediata de bonificação dos policiais que fazem parte dos grupos de operação especial da policia.

Apesar de levantarem pontos importantes para a construção de um programa, não há um questionamento do papel que a policia cumpre enquanto braço armado de um Estado subordinado à uma classe, defendendo a propriedade privada e o lucro dos capitalistas contra a classe trabalhadora e os oprimidos. E como resultado acabam propagandeando para os trabalhadores e negros é que seria possível uma polícia ligada a esse Estado burguês que fosse cidadã, ou seja que defendesse o interesse dos explorados e oprimidos.

Outros setores que defendem também a desmilitarização apresentam um programa definido, que visa prioritariamente uma disputa da instituição Polícia Militar, como pode ser visto no programa do PSTU:


“Fim da atual estrutura policial e criação de uma polícia civil unificada, que defenda os interesses dos pobres e dos bairros da periferia.
Uma estrutura interna democrática com eleição dos comandos superiores.
Direito a sindicalização e de realizar greves em defesa de suas reivindicações.
Salários dignos e condições de trabalho como as do restante do funcionalismo público.
Supressão dos tribunais militares e jurisdição civil para todos os crimes e delitos cometidos por policiais.
Capacitação profissional para investigação com investimento em tecnologia.
Fim imediato das tropas encarregadas de repressão das manifestações.
Fim das empresas de segurança privada; auditoria patrimonial nas existentes, com punição exemplar nos envolvidos em atividades criminosas. Relocalização dos trabalhadores deste setor de segurança, após prévia capacitação.
Além disso, o programa deve apontar para que a população mais carente (organizada em sindicatos, associações de moradores e movimentos sociais) assuma o controle e sua defesa, com a formação de grupos comunitários encarregados de controlar e trabalhar com a Nova Policia Unifica e Civil. Todos devem estar subordinados aos Conselhos Populares de Segurança, formados por trabalhadores, sindicatos e organizações populares e da comunidade.
Por fim é fundamental que os aparatos do estado se coloquem categoricamente contra a criminalização dos movimentos sociais.” ¹



No inicio dessa proposta já podemos observar um grave erro, quando os companheiros defendem a possibilidade de uma policia civil unificada que seja capaz de defender “os interesses dos pobres e dos bairros de periferia”. Ora, essa afirmação contradiz a analise marxista do papel do Estado e de seu aparato repressor. Um partido operário que levanta um programa como esse pode se tornar responsável por fortalecer dentro da classe a ilusão da possibilidade de uma policia para o povo, dificultando o processo de consciência da necessidade de uma organização em armas do povo.

Retomando o programa de transição, Trotsky que diz:

“(...) A tarefa das seções da IV Internacional é ajudar à vanguarda
proletária a compreender o caráter geral e os ritmos de nossa época
e de fecundar a tempo a luta das massas por intermédio de palavras-
de-ordem cada vez mais resolutas e por medidas organizacionais de
combate.”.²


A pergunta que fica é, será que este programa apresentado pelo PSTU ajuda a vanguarda a cumprir esta tarefa? Ao se abandonar a análise marxista de Estado e da polícia, assim como colocar a necessidade da disputa desse setor por fora da luta de classes e do ascenso revolucionário das massas, se comete um erro ainda maior, e que pode ser catastrófico: educando de forma equivocada a vanguarda operária, fazendo enxergar um inimigo de classe como aliado, afinal o policial também é trabalhador como nós”.

Por outro lado exigir o fim das tropas especiais que o Estado constituiu exclusivamente para reprimir a luta dos trabalhadores e oprimidos pela garantia de seus direito explicita o caráter do braço armado do Estado. Se na subjetividade geral garantida pela ideologia hegemônica ainda existe a visão de uma policia que serve para proteger a sociedade, quando se questiona a organização de setores da policia unicamente para reprimir manifestações, consideradas um direito na democracia burguesa se evidencia uma importante contradição dentro da instituição: Se ela serve pra proteger a sociedade, porque reprime a sociedade organizada que está exigindo seus direitos?

Discutir a necessidade do fim de tribunais militares também é uma forma de questionar o papel da policia, já que a própria é responsável por julgar seus atos, garantindo assim a possibilidade de fazer o que for necessário para proteger a classe dominante, ao mesmo tempo em que a coloca ainda mais separada e superior à sociedade. Mas essa mudança não pode levar as massas a depositarem sua esperança na justiça burguesa representada pelo judiciário, que também faz parte do Estado burguês e defende os interesses dos capitalistas, por muitas vezes se colocando ao lado das forças armadas e não das vitimas da classe trabalhadora.

A principal debilidade desse programa é observado na defesa de direitos a sindicalização e greve, assim como de salário, condição de trabalho e capacitação policial. Ora, os revolucionários querem organizar as massas contra a burguesia e seus lacaios, não devem defender direitos dos homens armados do Estado. Se as forças armadas ligadas a um Estado de classe defende os interesses da classe dominante só podemos chegar a conclusão de que: quanto melhores condições forem dadas à policia, mais forte ela estará para atacar os trabalhadores e matar a juventude negra. Também é fato que a própria burguesia precisa garantir métodos de controle das suas tropas, quanto mais repressiva e forte forem as suas tropas de homens armados, mais necessitará de um controle rígido, exatamente para que não se volte contra seus “patrões”.

A história da luta de classes mostra que o enfraquecimento do aparato repressivo e quem sabe uma possível divisão entre alto comando e a base dessas forças só pode ter alguma condição de acontecer como resultado da pressão de grandes fatos da luta de classes, dividindo os que decidem reprimir e os que se recusam e passam com suas armas para o campo de mobilização popular. Sendo assim para dividir as forçar armadas é necessário luta operária e popular, uma grande mobilização revolucionária das massas que vise vencer a repressão do Estado através de um exercito de autodefesa, e não colocar em risco os trabalhadores colocando pra dentro de suas organizações (centrais sindicais e etc) sindicatos policiais.

Por fim, conselhos populares de segurança que controlem a policia que ainda estará ligada ao Estado burguês na verdade só seria viável como forma de desvio, ou seja,por via de “conselhos gestores” que não impede em nenhum momento que a polícia deixe de cumprir o seu papel quando preciso. Mas como já vimos na saúde e em outros espaços, esse processo dificultaria ainda mais o avanço da consciência as massas sobre o papel da policia e do Estado, pois com uma cara mais democrática a polícia não iria deixar de cumprir seu papel de classes e quando for necessária vai se colocar conta a população que se iludiu com a ideia de uma gestão popular dos homens armados da burguesia.

Para terminar a discussão com os diferentes tipos de desmilitarização cito um debate já aberto em nosso livro:

Outros setores ainda defendem um “desarmamento da polícia” como concretização a “desmilitarização”. Ninguém é contrário a desarmar a polícia. Fazê-lo seria um passo importantíssimo para sua dissolução. Porém, este programa não é implementável senão por meio de armas nas mãos dos trabalhadores organizados em comitês de autodefesa e milícias ligadas aos sindicatos e organizações populares em um processo abertamente revolucionário. Não há lei e negociação possível que leve a burguesia a autorizar perder seus cães de guarda. O “desarmamento” por meio de leis e pressões pacíficas sobre as instituições da democracia burguesa é tão utópico quanto achar que a burguesia vai ceder seu poder sem combate. Além disso, esse programa reduz o problema da repressão às armas de fogo, deixando de lado a existência de um sistema penal e jurídico que possui as mesmas bases e produz o mesmo resultado repressivo e assassino que as tropas policiais armadas.³
Sendo assim é preciso que os revolucionários façam propaganda em todos os lugares sobre a necessidade do fim do braço armado do Estado burguês, clarificando para o conjunto da classe o papel deste setor. Não devemos ser responsáveis por nenhuma duvida sobre a possibilidade da instituição servir aos trabalhadores, por isso a necessidade de defender o fim das polícias.

Mas isso é insuficiente, é preciso organizar a luta pelas demandas concretas e urgentes que surgem da violência policial. Para responder às chacinas, ao genocídio, a repressão à organização operária e popular e outras tantas pautas é preciso pensar um programa de ação que leve a uma organização independente operária e popular que use sua própria força de mobilização e as ferramentas de luta construída pelos trabalhadores. E luta por esse programa, deve dar pequenos exemplos da auto-organização para cumprir o papel que o Estado burguês não pode cumprir como exemplo o julgamento dos responsáveis pelas mortes dos jovens negros e etc.Contestar o braço armado do Estado é parte fundamental para a luta pela mancipação da humanidade, ao passo que é possível desvelar o papel de classe desse aparato que se diz “neutro” e colocar a todos os oprimidos e explorados a necessidade de se organizarem para lutar contra a classe dominante e seus representantes. Num país como o nosso, onde a policia foi e ainda é necessária para atacar principalmente os negros não há reforma nessa instituição que possa resolver o genocídio e da violência cotidiana que os negros sofrem.

1- http://www.pstu.org.br/node/9154
2- https://www.marxists.org/portugues/trotsky/1938/programa/
3- http://www.palavraoperaria.org/PDF-DO-LIVRO-COMPLETO

Precisamos Conversar Sobre a Polícia I



Os número sobre a violência policial em nosso país são alarmantes e tem como principal vítimas negros e negras, pesquisa feita em SP, DF, MG e RJ mostra que em um grupo de 10 0mil a proporção de mortes em ação policial tem a proporção de 1,4 negros para 0,5 brancos, sendo que a população auto-declarada negra não passa da metade. Isso não é por um acaso.


Não precisamos nem recorrer às pesquisas, todos os dias o jornais escorrem sangue negro por todos os lados, chacinas, morte nas UPP´s no Rio de Janeiro e todo tipo de violência possível de se imaginar. Os números de homicídios no Brasil são números de guerra, uma guerra onde o principal alvo é negro, com 3x mais chances de morrer que os brancos, e dentre os negros são os jovens os que mais morrem.


Os negros, são o principal alvo da policia e isso se expressa dês da expressão “suspeito padrão”, como em panfletos onde os bandidos são representados por personagens negras. Não é a toa que também é negra a maior parte da população carcerária de nosso país.

A polícia “moderna” filha dos bandeirantes, grandes caçadores de índios e negros, não pode ter um papel diferente na sociedade Brasileira, que precisa conter de alguma forma os setores que mais sofrem as mazelas do capitalismo.


Para combater o genocídio dos negros e a violência do braço armado do Estado com suas polícias e penitenciarias é preciso pensar um programa que seja capaz de dar resposta ao questionamento da violência policial e que mostre que a única força capaz de acabar com esse problema é a unidade operária e popular a partir dos métodos de luta da classe trabalhadora com independência de classe


Caráter de classe da polícia.


No Manifesto Comunista, Marx já alertava aos trabalhadores que o Estado moderno serve como balção de negócios da classe dominante. Ou seja, em uma sociedade dividade em classes que possuem interesses opostos e irreconciliáveis é preciso criar mecanismos que garantam a exploração de uma sobre a outra.


O Estado não é uma instituição neutra, ao contrário, serve como ferramenta de opressão que dispõe de destacamentos de homens armados e prisões (podendo ter outras instituições coercitivas também) para garantir o domínio de uma classe, no caso do sistema capitalista a burguesia. Esses destacamentos de homens armados são separados e superiores à sociedade e se contrapõe à organização da população em armas.


Mesmo quando o Estado, em alguns momentos possa também cumprir outros papeis, como a responsabilidade por várias questões sociais (como educação e saúde), o faz para aparecer enquanto uma instituição que garante o bem-estar geral e continuar perpetuando a dominação de classe, que é garantida pelo grupo de homens armados.


Isso é preciso porque em uma sociedade de classes, o armamento espontâneo da população levaria, como já vimos na história, à uma guerra civil devido a interesses antagônicos. Então a burguesia mantém a partir de seu Estado o controle social garantido pelo destacamento de homens armados como mecanismo pelo qual garante sua dominação.


É preciso ter um controle rígido sobre essa força armada, pois é o que garante a exploração da maior parte da população por um pequeno setor. Por isso a disciplina desses homens armados é tão forte, para garantir que defendam os interesses da burguesia e não dos oprimidos e explorados.


Entendendo o papel do Estado e seu braço armado a única conclusão que podemos chegar é que: qualquer força policial ligada ao Estado burguês NÃO PODE SERVIR aos negros nem aos trabalhadores.


No Brasil, o caráter racista da polícia


Na formação do Brasil, se por um lado as forças repressivas do estado cumpre seu papel de classe, por outro para cumprir esse papel carrega um caráter extremamente racista e violento.

Num país que teve como base do seu desenvolvimento a escravização de negros africanos e que por conta de uma elite débil não pode desligar seus laços de independência com a metrópole por medo da massas escravas, o aparato repressor do Estado só poderia ser formado para garantir a segurança de uma pequena elite branca a partir da repressão à massa negra. Esse elemento permanece na ascensão da burguesia brasileira que, por medo dos negros libertos e da classe trabalhadora que começa a nascer preferiu manter sua relação umbilical com a elite colonial. Ainda hoje podemos ver esse desenvolvimento como colocamos no livro Questão negra, marxismo e classe operária no Brasil:


A polícia no Brasil foi criada para caçar negros. Na capital imperial, o policial que capturasse algum negro nas ruas e não conseguisse provar quem era “seu dono” o levava a uma prisão especializada, o Calabouço. Lá ele tinha suas medidas feitas e um anúncio ia ao diário oficial para que algum dono fosse lhe reclamar. O policial que o capturava ganhava um bônus. As principais funções da polícia e do Diário Oficial surgiram para reprimir os negros. O judiciário do império também se desenvolveu para tratar de questões de propriedade, sobretudo de negros. Em resumo, o Estado brasileiro, em suas instituições fundamentais, surgiu baseado na escravidão e em sua reprodução.


A bonificação por caça de negros, interrompida com o fim da escravidão, ressurgiu nos anos 1990 com uma bolsa que foi apelidada pelos movimentos de direitos humanos da época como “bolsa faroeste”. Havia uma remuneração ao policial que se envolvesse em algum “auto de resistência” (eufemismo para o assassinato de negros pobres por policiais), com limite de três. Ou seja, o policial que tivesse matado três pessoas ganhava mais que o que tivesse matado dois, que por sua vez ganhava mais que o que tivesse matado um, o qual ganhava mais que o policial que não havia matado nenhum. Esta bolsa foi extinta. Porém, ainda hoje algumas tropas especiais recebem uma bonificação extra. Estas tropas com bônus são o BOPE, o Choque (ambas com um adicional de R$ 1.000,00 pagos pelo Estado), e as UPPs (R$ 750,00, pagos pela prefeitura).


Este incentivo a estas tropas especiais indicam quais são os programas estratégicos para a burguesia manter seu domínio. Se por um lado todas as polícias são fundamentais para a garantia da ordem, há tropas que a burguesia presta especial atenção em seu estado de ânimo e busca complementar a lavagem cerebral com incentivos pecuniários. Prólogo São as tropas usadas para reprimir as manifestações (UPP e Choque) e aquelas que são usadas para matar o máximo possível de pretos e pobres nas favelas e periferias (BOPE, ROTA). De forma indireta, a “bolsa faroeste” e a caça dos negros do império seguem existindo. Ao olhar o número de mortos pela polícia, o número de desaparecidos nas UPPs, a polícia do Império revive. (Comitê Editorial, 2013).


Ainda hoje a violência e o racismo da policia brasileira se tornam necessários, já que des da abolição o Estado brasileiro efetivou politicas para que os negros recém libertos fossem marginalizados tornando-se assim o setor mais precarizado da classe trabalhadora e também a maior parte dos trabalhadores sem terra e pobres urbanos.


Com uma enorme desigualdade social é preciso garantir que esses setores mais pauperizados não se levantem contra esse sistema. Para garantir a “paz” da burguesia contra os morros do Rio de Janeiro a política foi as UPP’s, e sabemos que mesmo sem a “polícia pacificadora” as favelas e periferias são alvos preferenciais da repressão da policia e vivem militarizadas.


Não é a toa que no momento de crise uma das politicas que já foi aprovada na Câmara e será votada no Senado é a redução da maioridade penal, afinal a juventude já tem sentido o peso do desemprego e de outros ataques do governo e como em qualquer outra questão são os jovens negros os que mais sofrem. É preciso garantir que o Estado terá condições de reprimir esse setor explosivo, o que não significa que isso já não seja feito, mas agora pode ser ainda mais massivo.


Esse é o Estado burguês, mata e prende os negros para defender os ladrões de colarinho branco e garantir o lucro dos maiores ladrões dessa sociedade: a burguesia. É a classe dominante que rouba nossas vidas, nossa saúde, que mata por dinheiro que não tem remorso em deixar milhares com fome, sem casa e sem saúde, porque precisam disso para poder ganhar cada vez mais

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Quem são os “Novos Panteras Negras?”







Mais um vez os Novos Panteras Negras são alvos de notícia, dessa vez por confrontar o grupo Cavaleiros Brancos Leiais da KKK na Carolina do Sul. Os mesmbros da KKK marchavam contra a retirada da bandeira dos Estados Confederados - símbolo da Guerra Civil norteamericana- dos prédios públicos da cidade.

De um lado racistas ligados a KKK carregando bandeiras dos Estados Confederados e suásticas, do outro membros das gangues de rua Bloods e Crips e o grupo Novo Partido dos Panteras Negras, além de negros ligados ao movimento por direito civis. Agressões verbais e físicas foram trocadas deixando feridos e pelo menos 2 presos. Ao menos 400 membros do NBPP marcharam uniformizados carregando bandeiras do movimento e do lado dos negros as bandeiras racistas foram queimadas e rasgadas.

Mais uma prova viva de que mesmo com um presidente afro-americano o racismo no estados unidos se perpetua ao ponto de grupos racistas como a KKK conhecidos histórica mente por queimar casas, esforcar e matar negros além de outras atrocidades se sentirem a vontade para marchar contra a retirada das bandeiras sujas de sangue negro da cidade.

Uma ação de extrema importância protagonizada por esses grupo, é preciso organizar ações contra  esses grupos racistas que se sente a vontade de sair nas ruas expressando seu ódio contra os setores oprimidos. Ainda mais em um país com o histórico de racismo como esse.


Mas quem é essa organização negra?

Fundada em 1990, o  Novo Partido dos Panteras Negras em Auto-defesa (NBPP) é uma organização militante separatista negra e anti-semitista, conhecida por incitar e promover o ódio racial contra judeus e brancos.

Grande parte de sua ideologia vem da afirmação de que os afro-americanos continuam a sofrer com a estrutura de poder branca racista que oprime negros econômica e politicamente desda escravidão. Esse racismo institucional tem como autores principais os brancos, assim como judeus que para eles tem um controle desproporcional econômico e politico.

Apesar de ter o mesmo nove dos antigos Panteras Negras da década de 60, trazem uma ideologia bem diferente. Membros do partido original já chegaram inclusive a mover processos para que retirassem o nome, segundo Bobby Seal (um dos fundadores do Partido dos Panteras Negras original) eles se apropriaram do nome para “sequestrar a nossa história”.

No site do grupo eles levantam seus propósitos e objetivos, vejamos abaixo:

1. Unir e reunir o povo Pretos/Africanos em uma frente nacional em base ao nacionalismo negro.
2. Lutar pela derrubada do racismo branco, inferioridade preta, o colonialismo criminal, imperialismo e dominação. Lutar pelo estabelecimento, manutenção e direito à auto-determinação dos povos Pretos/Africanos nos Estados Unidos e no exterior.
3. Trabalhar e lutar pelo o estabelecimento e manutenção de uma Frente Única preta/Africana.
4. Apoiar e divulgar a promoção educativa, cultural e econômica Preta/Africana.
5. Propagar e promover a marca e ideologia do nacionalismo revolucionario Preto/ Pan Africanismo, promovendo a unidade entre os povos da África e de ascendência Africana
através do uso de Propaganda adequada.


As Primeiras raízes do grupo podem ser atribuídas a Michael McGee, um ex-membro dos Panteras Negras originais que teve a ideia de recrutar bandidos de gangues de rua para organizar uma "milícia Pantera Negra". No mesmo ano decidiu fazer um encontro para recrutar mais membros para essa nova organização. Em 1993 McGee organizou um encontro nacional que deu origem ao grupo e acabou se tornando um importante líder nacional recrutando negros radicais em várias cidades para a causa

Khalid Abdul Muhammad, ex-porta-voz da Nação do Islã (NOI- grupo que Malcolm X compôs no inicio de sua trajetória politica) foi um dos extremistas mais importantes que se juntou ao NBPP. Em 1998, Muhammad se tornou presidente do grupo, com a sua morte em fevereiro de 2001, Malik Zulu Shabazz, o sucedeu como presidente do organização.


Essa é a melhor saída para o povo negro?

Contra o racismo nos EUA várias organizações já se formaram, algumas delas seguindo a mesma linha que os novos panteras, mas a pergunta é será que é essa saída realmente que queremos?

Em programa de rádio da organização, o Marechal Nacional do Campo, King Samir Shabazz, chegou a fazer um discurso inflamado sobre matar bebês brancos e bombardear igrejas brancas. Se os negros querem ser livres, Shabazz explicou, "vão ter que matar alguns desses bebês, que nasceram três segundo atrás. Vão ter que ir para a creche maldito Deus e apenas jogar uma bomba maldita no berçário maldito e apenas matar todos brancos em vista que não está certo." Mais adiante, no mesmo discurso, afirma também sobre igrejas brancas: "Bem, nós vamos jogar uma bomba naquela igreja Deus amaldiçoe, queimar até o caipira, queimar o Jesus caipira, e queimar algum caipira de supremacia branca."

O que fica evidente na ação desse grupo é uma orientação bem clara contra os brancos e judeus, sem nenhuma diferenciação de que é o verdadeiro responsável pela mazela sentida por todos os negros e negras do mundo inteiro. É possível culpabilizar toda uma raça pelo racismo? Podemos dizer que TODOS os brancos que conhecemos são responsáveis pela manutenção do racismo? Que nenhum negro ajuda nesse processo de manutenção? Ou é preciso fazer algumas diferenciações?

Já no final da década de 60 nos EUA membros do movimento Black Power, incluindo os Panteras originais, já conseguiam perceber que na verdade os verdadeiros culpados pelo racismo não eram os brancos como um todo, mas a burguesia imperialista hegemonicamente branca e totalmente racista que colocava os negros dos EUA em pé de igualdade com o que chamavam de povos do Terceiro Mundo. E a partir desta divisão conseguiam dominar melhor a todos. Nesse sentido, mesmo com alguns problemas estratégicos os Panteras originais deram importantes exemplos de unidade contra o imperialismo norteamericano.

Não estou negando aqui o fato de que existem dentro do seio da classe trabalhadora e dos setores marginalizados a reprodução do racismo, inclusive porque é parte desse processo de dominação entrar ideologicamente na mente dos trabalhadores brancos fazendo com que eles acreditem de alguma fora que fazem parte desse grupo dominante e separa-los dos negros já que na primeira vista não são atingidos pelos problemas do racismo.

É preciso entender que o racismo nos EUA e em todo mundo ainda existe por ser necessário para algum setor da sociedade e que não podemos nesse sentido culpabilizar todos os brancos por isso. A burguesia internacional, que sim é hegemonicamente branca é que é responsável e lucra absurdamente com a nossa divisão entre raça, sexo e etc. É preciso uma estratégia para derrubar essa classe e seus representantes (sendo eles brancos ou não) para isso é preciso uma unidade entre a única classe que pode derrubar o capitalismo e todos os oprimidos.

Não é possível como esse setor defende uma revolução socialista negra, pois mesmo que a luta negra triunfe nos EUA com essa estratégia e que se crie um estado separado de negros que vise acabar com a divisão de classes a burguesia de todo o mundo tentaria com todas as suas forças acabar com esse Estado, e assim como vimos na história, o isolamento o fará degenerar ou simplismente ser massacrado, nos dois casos o capitalismo racista voltará a imperar.

Uma revisão estratégica é necessária para conseguir fazer triunfar a luta dos negros nos EUA e em todo o mundo, sem isso a politica da burguesia racista continuará a imperar, e iremos responder com algumas balas os tiros de canhão que recebemos há anos. Mesmo para que seja possível esmagar essas organizações racistas, como o KKK nos EUA é preciso fazer um balanço histórico de porque outras organizações na história já se confrontaram com esses grupos, mas mesmo assim eles não deixaram de existir e vem nesse ultimo período se fortalecendo.

É claro que muitos vão levantar a discussão do distanciamento da esquerda com as demandas negras ou mesmo que o marxismo não é capaz de se apropriar das particularidades de nosso povo. O problema é que o capitalismo na sua fase imperialista se tornou um sistema mundial, responsável pela exploração e opressão de trabalhadores de todos os povos do mundo, sendo assim é inevitável a batalha contra ele, a não ser que defendamos não o fim da opressão, mas a troca dos sujeitos opressores. Além desse fator crucial é preciso lembrar que a revolução socialista deve ser pensada e traçada de acordo com as particularidades de cada país. Sendo assim creio que a suposição de que o marxismo não dialogue com as particularidades do povo negro tenha mais a ver com as experiências ruins principalmente com os partidos comunistas estalinizados do que com o verdadeiro marxismo revolucionário.

Agora dentro da esquerda também existem várias estratégias, é preciso ver qual possibilista a unificação com as demandas e a cultura negra e que seja capaz de dar fim a esse sistema que nos impõe todas essas mazelas. Uma esquerda que não consegue se apropriar da luta contra o racismo, que a use de forma oportunista ou que simplismente defenda que essaluta só é possivel depois da revolução sem combater o racismo todos os dias não servepro povo negro e também não serve pra nenhum outro setor oprimido e explorado.

É preciso a construção de um partido internacional, que junte os trabalhadores e os povos oprimidos de todo o mundo e que tome para si a demanda dos negros, das mulheres, dos LGBT´s e etc. Infelizmente hoje esse partido ainda não existe, por isso devemos querer e lutar para sermos parte da construção dessa organização e da libertação de toda a humanidade

A divisão dos desfavorecidos fortalece nossos opressores, só conseguiremos triunfar se acertamos com um só punho a raiz de nossas mazelas e ela se chama CAPITALISMO.





Vejam os 10 pontos do grupo.

1. Queremos liberdade. Queremos o poder de auto-determinação, e para determinar o destino de nossa comunidade e da nação PRETA.
Nós acreditamos no código moral espiritual de nossos antepassados. Nós acreditamos nas verdades da Bíblia, Alcorão e outros textos sagrados e escritos. Nós acreditamos em MAAT e os princípios da NGUZO SABA. Acreditamos que pessoas negras não serão livre até que sejamos capazes de determinar nosso destino divino.
2. Queremos pleno emprego para o nosso povo e exigimos a dignidade de fazer por nós mesmos o que temos implorado ao homem branco para fazer por nós.
Acreditamos que uma vez que o homem branco nos manteve surdos, mudos e cegos, e usaram todos truques sujos nos livros para ficar no caminho da nossa liberdade e independência, que deve ser remunerado até o momento em que podemos empregar e prever nós mesmos.
Nós acreditamos ainda mais em: o poder nas mãos do povo! Riqueza nas mãos do povo! ARMAS NAS MÃOS DO POVO!
3. Queremos isenção fiscal e um fim ao roubo da nação PRETA pelo capitalista. Queremos um fim à dominação capitalista da África em todas as suas formas: o imperialismo, o colonialismo penal colono, neo-colonialismo, racismo, sexismo, o sionismo, o apartheid e fronteiras artificiais.
Nós acreditamos que este governo racista nos roubou, e agora estamos exigindo a dívida vencida de reparações. Uma forma de reparação foi prometido há 100 anos (quarenta acres e uma mula) como restituição pelo genocídio continuou do nosso povo e para em medida significativa e reparar os danos para o Holocausto AFRICANO (Maangamizo / Maafa).
Nós acreditamos que nossos povos devem ser isentos de qualquer imposto, contanto que são privados de justiça igual sob as leis do país e da dívida em atraso reparações continua por pagar. Nós aceitaremos o pagamento em terral e rica, metais preciosos, indústria, comércio e moeda. Como crimes de genocídio continuam, tribunais populares devem ser configurados para processar e executar.
Aos judeus foram dadas reparações. Aos japoneses foram dadas reparações. Ao preto, ao Vermelho e o Marrons deve ser dada reparações. O homem branco americano nos deve reparações. Inglaterra nos deve reparações. França nos deve reparações, Espanha e toda a Europa. África nos deve reparações e repatriamento. Os árabes nos deve reparações. Os judeus nos deve reparações. Todos participaram no Holocausto AFRICANO e o abate de 600 milhões de nosso povo ao longo dos últimos 6.000 anos, em geral, e 400 anos, em particular. Sabemos que esta é uma exigência razoável e justa que fazemos neste momento da história.
4. Queremos habitação decente, apto para o abrigo de seres humanos, de cuidados de saúde gratuitos (preventiva e manutenção). Queremos um fim ao tráfico de drogas e à guerra biológica e química orientados para o nosso povo. Nós acreditamos que uma vez que os proprietários brancos não vai dar habitação digna e cuidados de saúde de qualidade para a nossa comunidade negra, o que ele habitação, a terra, as instituições sociais, políticas e econômicas devem ser feitas em Nova independente UUAMAA comuns Africano / cooperativas para que nossa comunidade, com reparações do governo e ajuda (até que possamos fazer por nós mesmos) pode construir e fazer o combate as drogas, moradia digna, com instalações de saúde para o nosso povo.
5. Queremos educação para o nosso povo que expõe a verdadeira natureza desta sociedade americana diabólico e decadente. Queremos uma educação que nos ensine nossa verdadeira história e nosso papel na sociedade atual. Nós acreditamos em um sistema educacional que vai dar ao nosso povo um conhecimento de si. Se não temos conhecimento de si mesmo e da nossa posição na sociedade e no mundo, então temos pouca chance de se relacionar corretamente com qualquer outra coisa.
6. Queremos que todos os homens negros e mulheres negras para ser isentos do serviço militar.
Acreditamos que pessoas negras não devem ser forçados a lutar no serviço militar para defender um governo racista que nos mantém cativos e não nos protege. Nós não vamos lutar e matar outras pessoas de cor no mundo que, como pessoas negras, estão sendo vitimizados pelo governo branco racista da América. Vamos nos proteger da força e da violência da polícia e dos militares racistas racista, por qualquer meio necessário.
7. Queremos um fim imediato do ASSÉIDO policial, brutalidade e assassinato de pessoas negras. Queremos um fim ao Black-on-Black violência, dar informações, cooperação e colaboração com o opressor.
Acreditamos que podemos acabar com a brutalidade policial em nossa comunidade através da organização de grupos de autodefesa Preto (das pessoas negras Milícias / Exércitos pretas da libertação) que se dedicam a defender a nossa Comunidade Negra de racista, fascista, policial / militar opressão e brutalidade. A Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos branco dá o direito de portar armas. Portanto, acreditamos que todas as pessoas negras devem se unir e formar uma Frente Unida Africano e nos armar para a autodefesa.
8. Queremos liberdade para todos os homens negros e mulheres negras, realizada em, militar, federal, estadual, distrital, cadeias e prisões internacionais da cidade.
Acreditamos que todos os negros e pessoas de cor deve ser libertado das muitas cadeias e prisões porque não receberam um julgamento justo e imparcial. Lançado meios liberados para as autoridades legítimas da Nação Preta.
9. Queremos que todas as pessoas negras quando levadas a julgamento seja julgadas em um tribunal com um júri de seus pares grupo ou pessoas de suas comunidades negras, conforme definido pela legislação branca da Constituição dos Estados Unidos.
Acreditamos que os tribunais devem seguir a sua própria lei, se a sua natureza vai permitir que (como indicado na sua Constituição dos Estados Unidos) para que pessoas negras receberam um julgamento justo. A 6ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos dá um homem / mulher o direito a um julgamento imparcial, o que foi interpretado como um julgamento justo por um grupo de pares. Um par é uma pessoa de um contexto económico, social, religiosa, geográfica, ambiental, histórico e racial similar. Para fazer isso, o tribunal será forçado a selecionar um júri da comunidade negra a partir do qual o réu preto veio. Nós temos sido e estão sendo julgados por todos os jurados brancos que não têm compreensão da pessoa média raciocínio da Comunidade Negra.
10. Exigimos o fim à pena de morte RACISTA como é aplicado aos negros e oprimidos na América. EXIGIMOS liberdade para todos os presos políticos do PRETO VERMELHO E MARROM NAÇÃO!
Queremos terra, pão, habitação, educação, vestuário, justiça e paz. E, como nosso objetivo político, queremos Libertação Nacional em um estado ou território da nossa própria, aqui ou em outro lugar separado, uma zona liberada (Nova África ou da África), e um plebiscito a ser realizado em toda a nação negra que só vamos ser autorizados a participar, para efeitos de determinação da nossa vontade e destino divino como povo. LIVRE DA TERRA! SE VOCÊ NAÇÃO PODEROSO! Você pode fazer o que você vai! BLACK POWER! A história provou que o homem branco é absolutamente desagradável de se conviver em paz. Ninguém foi capaz de conviver com o homem branco. Todas as pessoas de cor foram submetidos a ira do homem branco. Acreditamos que sua própria natureza, não permitirá o compartilhamento verdade, a justiça, a equidade ea justiça. Portanto, para o homem vermelho e mulher, ao amarelo e ao Brown, dizemos a vocês o cão raivoso MESMO QUE te mordeu, mordeu nós também! TODO PODER AO POVO!

site do grupo: http://www.newblackpanther.com/