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quarta-feira, 19 de março de 2014

Pela Claudia e todas as nossas irmãs...

     Dia 16/03/2014, Rio de Janeiro. Claudia Silva Ferreira, mulher negra, trabalhadora precarizada, mãe de oito filhos se foi e deixa para trás além de sua vida uma mistura de dor, vazio e raiva em nós.


     Uma morte com requintes de crueldade, como se já não fosse o bastante os tiros foi arrastada pela viatura policial. O governo e a mídia mentem, dizem ser uma exceção, mas nos sabemos muito bem que essa exceção na verdade é a regra. E os dados são claros, um jovem negro tem 3 vezes mais risco de ser assassinado que um branco, mais de 60% das mulheres assassinadas no Brasil entre 2001 e 2011 são negras.

     Mais uma negra morta pelas mãos da policia, mais uma vítima da politica de Genocídio desse Estado racista, construído com mares de sangue negro. Todos os dias somos mortas pelo descaso do Estado ou pelas mãos de seu braço armado, toda mulher negra é uma Claudia em potencial, o genocídio também nos atinge.

    62 autos de resistência! É o número de casos que os 3 policiais que matara de Claudia estão envolvidos. o subtenente Adir Serrano Machado, especificamente, está envolvido em 57 autos com 63 mortos. E mesmo com todas essas mortes estavam lá, soltos, prontos para matar mais negros e negras nas favelas do Rio. Hoje o Ministério Publico decide aceitar o pedido de liberdade dos mesmo, alegando falta de elementos para denúncia.

    Dói só pensar quantos dos nosso se foram deixando para trás familiares, amigos, sonhos. Dói saber que muitos outros ainda se vão, e que existem mais dos nossos encarcerados, alguns inclusive sem julgamento. É triste saber que para muitos de nós o que resta é o trabalho precário, a morte por acidentes de trabalho, a precarização da vida, filas nos hospitais, falta de vagas nas escolas e nas creches, prisão, autos de resistência, um mar de mazelas, pelo simples fato de sermos PRETOS e PRETAS.

     Mas se essa dor não mata, e tudo que não mata nos fortalece, faremos de nossas lágrimas força para lutar contra nossa situação. Assim fizeram os moradores de Congonha que se manifestaram no domingo e na segunda. Assim temos visto centenas de negros e negras fazerem.

     E se preparem, pois terão que pagar por cada morte. Nos levantaremos em em cada favela, morro periferia, escola, faculdade e locais de trabalho. Organizaremos atos, greves e tudo o que for necessário, juntaremos aliados e lutaremos sem descansar. Lutaremos como fizeram os negros escravos, como fizeram os guerreiros de Palmares, os negros insurectos do Haiti, lutaremos como a nossa VERDADEIRA historia nos ensina. Não descansaremos até ganharmos a guerra.

     Dês de pequenos aprendemos que a policia para os negros é como os Capitão do Mato nos livros de historia, nos caçam, torturam, aprisionam e matam. No caso das mulheres negras também estupram e abusam. Sabemos a quem eles servem, ao Senhor de Engenho. Pode mudar de nome, pode mudar a cor da farda, mas não nos enganam mais, são anos de experiência, de dor e de luta.

    Nos estados Unidos nossos irmãos pegaram em armas em legitima defesa contra a violência policial, organizaram partido para lutar contra o estado racista, organizaram sindicatos contra as terríveis condições de trabalho nas fábricas de Detroit, se organizaram por todos os lugares de diferentes formas. E nós, o que faremos?

     Aprenderemos com nossas lutas, com nossa história, marcharemos lado a lado com os trabalhadores (sem deixar de combater as expressões do racismo que existe no seis da classe) contra a nossa exploração, contra nossas mazelas, contra o racismo. Derrubaremos esses sistema que se banha em sangue negro. Uma tarefa audaz, feita de centenas de batalhas, mas que nós guerreiros e guerreiras temos total condição de cumprir.

     Aos negros revolucionários digo que é preciso entender que em hipótese nenhuma devemos menosprezar nosso capitães do mato, nem a falsa impressão que as vezes muitos dos nossos possam ter de que eles são sinonimo de segurança. Defender a desmilitarização (acabar com os privilégios da PM a transformando em outro tipo de policia) é um desvio, já que causa uma falsa esperança, de que é possível uma policia que nos defenda dentro de um Estado capitalista.
     É preciso se se colocar pelo fim da Polícia Militar, assim como de todas as polícias e deixando bem claro seu papel, sem causar nenhuma falsa impressão. Mas isso não é o suficiente, é preciso ser mais audaz, aproveitar as mudanças que temos observado na realidade, tomar as ruas, escolas, fábricas, tomar todos os lugares. Organizar um plano de luta em base a um programa para a ação que nos ajude a desmascarar essa realidade.

     Para mim, parte desse processo é a luta pelo julgamento popular (que dever ser feito a partir da auto organização e das ferramentas de representação operária e popular) dos autos de resistência. Não podemos permitir que esse Estado genocida tome em suas mãos o julgamento de nossos assassinos. Esse processo além de nos ajudar com a experiência de auto organização a partir das bases, nos permite escancarar, para quem quiser ver o papel do Estado e de seu braço armado.

     A história nos ensina, nenhuma confiança nos governos e nos patrões. Devemos nos organizar de forma independente, ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras, a partir das bases, de forma democrática, elaborando um programa que escancare a realidade desse sistema podre. 

 
 


Basta de genocídio!
 Com a nossa luta faremos com que paguem pela morte de nosso irmãos e irmãs!
   Só a luta nos levará a vitória!

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