Temos
acompanhado nesses últimos dias mais um levante negro nos EUA, de novo pelo
mesmo motivo, a morte de um negro pela policia norte-americana. Desde a morte
do jovem negro Michael Bronw temos acompanhado processos de luta por justiça no
país que já não pode mais esconder que nenhuma política tomada por ele
conseguiu acabar com o racismo. Nas ruas frases “As vidas negras importam” e “Justiça”
ecoam.
Esse assunto
não é nenhuma novidade em um país como o nosso, onde a cada 25 minutos um negro
é morto. Olhando por essa perspectiva é verdade que Baltimore, Missouri são
aqui. O racismo mesmo que a partir de diferentes caminhos levaram tanto nos EUA
como no Brasil e em outros países com que as armas da força armada do Estado
fossem miradas principalmente para o povo negro.
Isso não é
por acaso. O fim da escravidão e o desenvolvimento do capitalismo nos deu como
resultado sermos anda hoje o setor mais explorado da sociedade, que ocupam os
piores cargos, recebem os piores salários e nos torna a maioria esmagadora das
vítimas das terríveis condições de vida que a exploração impõem a classe
trabalhadores e aos oprimidos. Essa constatação leva com que sejamos um dos
setores mais perigosos da sociedade, uma panela de pressão pronta para explodir
a qualquer momento.
A história
já mostrou o quão longe pode chegar a organização do povo negro seja na
revolução negra do Haiti ou mais recentemente no fim dos anos 60 nos Estados
Unidos com a organização do Partido dos Panteras Negras e outras organizações
como o DRUM (dodge revolucionary uniom movement) uma organização operárias de
negros que acaba se espalhando por outra fábricas de autos de Detroit
protagonizando greves selvagens pelo direito dos trabalhadores negros, que
depois acaba organizando por pouco tempo uma liga de trabalhadores negros
revolucionários.
No maior país
negro fora de África, no país da terceirização, com o maior exército de
empregadas domésticas do mundo, onde os índices de acidentes de trabalho são de
guerra, a situação dos negros é ainda mais precária que nos EUA.
Uma das coisas
que nos difere é que pele lógica do desenvolvimento desigual e combinado que
leva a burguesia brasileira à uma grande debilidade, ficando espremida por um
lado pelo imperialismo e por outro pela massa negra, não foi possível erguer uma
elite e um pequeno setor burguês negro como fez os EUA a partir das ações afirmativas,
conseguindo dar condições sociais e econômicas elevada a uma parte da população
negra.
Não é a toa
que é um negro que dirige o país aonde a cada 28 horas um negro é moto pela
policia. Vimos principalmente depois da vitória de Obama, o discurso de uma
sociedade pós-racial tomar um grande espaço na sociedade norte-americana, como
se a raça já não importasse mais. Hoje esse discurso que serviu para ludibriar
por um determinado tempo alguns tem sido desmascarado por centenas de negros na
rua que se enfrentam com a policia por justiça.
A ideia de
que a raça não importa conhecemos de longo tempo no Brasil com o nome de democracia-racial,
ideia que ainda hoje é combatida pelos que combatem o racismo. Não é preciso
muito para perceber como é falacioso o discurso da dita democracia, basta olhar
os dados fornecidos pelo governo e perceberemos a grande diferença que existe entre
brancos e negros.
As duas
teses leva ao mesmo problema, individualizar os resultados do racismo. Como
assim? Bom se não existe mais diferença entre as raças e hoje os negros tem as
mesmas condições sociais e econômicas que os brancos, a única coisa que faz com
que um jovem negro não consiga entrar numa universidade, arrumar um bom emprego
ou até mesmo que ele seja morto pela policia é sua própria capacidade. Ou seja,
ao tentar encobrir o racismo que existe na sociedade esse tipo de teoria aça reforçando
ainda mais o estereótipo racista do povo negro como incapaz.
Diferentes
caminhos nos levaram no fim a um resultado em comum, a violência policial ao
povo negro, mas a respostas diferentes. Mas a pergunta que pra mim não se cala
é, se a policia também mata preferencialmente os negros aqui porque não nos
levantarmos como estão fazendo lá?
A explicação
para isso é muito complicada, não conseguirei nesse texto expressar todos os
elementos para pensar profundamente isso, até porque essas são ideias iniciais
de uma reflexão ainda não terminada. Gostaria
de levantar alguns elementos para que possamos tentar entender juntos esse o
processo, assim como tentar elaborar saídas para nosso problemas.
O primeiro
ponto é que me parece que por conta da própria debilidade da burguesia
Brasileira, ainda existem demandas do movimento negro que não foram atendidas
até o final, como exemplo as cotas raciais. Isso leva também a que o movimento
negro acabe levantando como prioridade essas demandas.
Não podemos
ser inocentes, é lógico que a falta de negros nas universidades, nos cargos
públicos é um problemas que deve ser respondido com urgência, mas parece que o
movimento negro Brasileiro se perdeu na marcha de Selma, nos 10% talentosos de
Du Bois. Já no fim da década de 60 nos EUA ecoavam os gritos de que isso era
insuficiente que era preciso avançar na luta contra o racismo de forma
revolucionária e que precisamos arrancar da mão do Estado todos os nossos
direitos, e para isso precisamos mostrar para todos os nossos pares sua
podridão, nos ligar a aliados e derruba-lo.
O que eu
vejo nesses levantes de Baltimore de Missouri é que eles têm um grande impacto
do movimento Black Power. Apesar de não ser um movimento revolucionário
organizado ele tem dois pontos que são muito importantes, primeiro a ação
direta na rua e o rompimento com a ideia de não violência, segundo e mais
importante que é o questionamento a algum que é fundamental em um Estado de
classes que são seus homens armados, por via dos quais é possível manter o
controle da classe oprimida.
Mas para que
o questionamento a violência policia conseguisse de fato chegar até o fim é
preciso questionar o Estado e que o controla. Para isso é necessário uma direção
revolucionária, uma organização dos oprimidos que seja capaz de fazer com que
esses atos avancem pra uma luta contra a opressão e exploração, assim como o
Partido dos Panteras tentou fazer, mas por conta de sua estratégia equivocada e
da brutal repressão do EUA não conseguiu ir até o final.
Enfim, é impossível
resolver o problema da violência policial ao povo negro sem questionar o estado
capitalista e sem se organizar para derruba-lo!
Infelizmente
nós pouco sabemos sobre a história do movimento Black Power dos Estados Unidos
ou o que significa a camisetas como a dos Panteras que sempre vemos por ai.
Parte da nossa reflexão deve ser investigar nossa própria história e tirar
lições sobre a organização de nosso povo e a luta contra o racismo. Pelo pouco
que consegui estudar e cheguei a conclusão de que uma das coisas que nos levou
ao que somos hoje é que diferente dos EUA onde houve por um certo período a
influencia de um setor marxista organizado no movimento negro, isso nunca
aconteceu em nosso país (alguns estudos mostram que o Partido dos Panteras
Negras chegou a ter a aprovação de mais de 80% da população negra nos EUA).
A história
do movimento negro e da esquerda tradicional aqui no Brasil assim como nos EUA
acabam se separando, principalmente com a estalinização dos Partidos Comunistas
por todo o mundo. Mas diferente daqui a resposta dos negros nos EUA não foi
negar a esquerda, ou organizar tendências mais reformistas e sim fundar o seu próprio
partido revolucionário organizando os negros para junto a todos os povos
oprimidos tomarem o poder. Já aqui o que vimos foi um fortalecimento de visões
reformistas e da tática de pressão no Estado, passando longe da a preparação
para a tomada do poder.
Bom todo
esse processo leva com que mesmo em nosso país onde os negros morrem muito mais
pelas mãos da polícia, consigamos ver apenas uma parte de Baltimore. As balas
da polícia! Para que possamos nos levantar como tem feitos nossos irmãos é
preciso fazer balanços, pensar como nos organizar, que linhas seguir e etc.
Em minha
opinião uma mudança de qualidade só é possível a partir de várias mudanças, o
que gostaria de deixar como reflexão nessa parte é a necessidade de que o setor
revolucionário do movimento negro discuta junto aos setores combativos da
classe operária que se dispões a lutar contra a exploração e o racismo, sobre
estratégia, organização e etc.
Na minha
concepção precisamos levantar uma grande fileira revolucionária no movimento
negro, assim como precisamos organizar a classe trabalhadora para lutar contra
o racismo e se colocar ao lado dos oprimidos e então avançar nessa disputa.
Questionar o
braço armado do Estado até o fim só é possível a partir de um bloco
revolucionário que se coloque contra o braço armado do Estado, tenha ele o nome
que tiver e que esteja disposta a tomar em suas mãos o rumo de nossa história a
partir de uma estratégia revolucionária.
Em Baltimore
ou no Brasil somos nós os responsáveis pelo nosso futuro e o de nossos irmãos.
É preciso tomar uma posição URGENTE, nosso povo não aguenta mais morrer nem
sofrer com as mazelas desse sistema podre!
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