Também é um negro revolucionário? Entre em contato, vamos fortalecer a nossa luta! - marceladepalmares@gmail.com

terça-feira, 5 de maio de 2015

Baltimore é aqui?


Temos acompanhado nesses últimos dias mais um levante negro nos EUA, de novo pelo mesmo motivo, a morte de um negro pela policia norte-americana. Desde a morte do jovem negro Michael Bronw temos acompanhado processos de luta por justiça no país que já não pode mais esconder que nenhuma política tomada por ele conseguiu acabar com o racismo. Nas ruas frases “As vidas negras importam” e “Justiça” ecoam.


Esse assunto não é nenhuma novidade em um país como o nosso, onde a cada 25 minutos um negro é morto. Olhando por essa perspectiva é verdade que Baltimore, Missouri são aqui. O racismo mesmo que a partir de diferentes caminhos levaram tanto nos EUA como no Brasil e em outros países com que as armas da força armada do Estado fossem miradas principalmente para o povo negro.

Isso não é por acaso. O fim da escravidão e o desenvolvimento do capitalismo nos deu como resultado sermos anda hoje o setor mais explorado da sociedade, que ocupam os piores cargos, recebem os piores salários e nos torna a maioria esmagadora das vítimas das terríveis condições de vida que a exploração impõem a classe trabalhadores e aos oprimidos. Essa constatação leva com que sejamos um dos setores mais perigosos da sociedade, uma panela de pressão pronta para explodir a qualquer momento.

A história já mostrou o quão longe pode chegar a organização do povo negro seja na revolução negra do Haiti ou mais recentemente no fim dos anos 60 nos Estados Unidos com a organização do Partido dos Panteras Negras e outras organizações como o DRUM (dodge revolucionary uniom movement) uma organização operárias de negros que acaba se espalhando por outra fábricas de autos de Detroit protagonizando greves selvagens pelo direito dos trabalhadores negros, que depois acaba organizando por pouco tempo uma liga de trabalhadores negros revolucionários.

No maior país negro fora de África, no país da terceirização, com o maior exército de empregadas domésticas do mundo, onde os índices de acidentes de trabalho são de guerra, a situação dos negros é ainda mais precária que nos EUA.

Uma das coisas que nos difere é que pele lógica do desenvolvimento desigual e combinado que leva a burguesia brasileira à uma grande debilidade, ficando espremida por um lado pelo imperialismo e por outro pela massa negra, não foi possível erguer uma elite e um pequeno setor burguês negro como fez os EUA a partir das ações afirmativas, conseguindo dar condições sociais e econômicas elevada a uma parte da população negra.

Não é a toa que é um negro que dirige o país aonde a cada 28 horas um negro é moto pela policia. Vimos principalmente depois da vitória de Obama, o discurso de uma sociedade pós-racial tomar um grande espaço na sociedade norte-americana, como se a raça já não importasse mais. Hoje esse discurso que serviu para ludibriar por um determinado tempo alguns tem sido desmascarado por centenas de negros na rua que se enfrentam com a policia por justiça.

A ideia de que a raça não importa conhecemos de longo tempo no Brasil com o nome de democracia-racial, ideia que ainda hoje é combatida pelos que combatem o racismo. Não é preciso muito para perceber como é falacioso o discurso da dita democracia, basta olhar os dados fornecidos pelo governo e perceberemos a grande diferença que existe entre brancos e negros.

As duas teses leva ao mesmo problema, individualizar os resultados do racismo. Como assim? Bom se não existe mais diferença entre as raças e hoje os negros tem as mesmas condições sociais e econômicas que os brancos, a única coisa que faz com que um jovem negro não consiga entrar numa universidade, arrumar um bom emprego ou até mesmo que ele seja morto pela policia é sua própria capacidade. Ou seja, ao tentar encobrir o racismo que existe na sociedade esse tipo de teoria aça reforçando ainda mais o estereótipo racista do povo negro como incapaz.

Diferentes caminhos nos levaram no fim a um resultado em comum, a violência policial ao povo negro, mas a respostas diferentes. Mas a pergunta que pra mim não se cala é, se a policia também mata preferencialmente os negros aqui porque não nos levantarmos como estão fazendo lá?

A explicação para isso é muito complicada, não conseguirei nesse texto expressar todos os elementos para pensar profundamente isso, até porque essas são ideias iniciais de uma reflexão ainda não terminada.  Gostaria de levantar alguns elementos para que possamos tentar entender juntos esse o processo, assim como tentar elaborar saídas para nosso problemas.

O primeiro ponto é que me parece que por conta da própria debilidade da burguesia Brasileira, ainda existem demandas do movimento negro que não foram atendidas até o final, como exemplo as cotas raciais. Isso leva também a que o movimento negro acabe levantando como prioridade essas demandas.

Não podemos ser inocentes, é lógico que a falta de negros nas universidades, nos cargos públicos é um problemas que deve ser respondido com urgência, mas parece que o movimento negro Brasileiro se perdeu na marcha de Selma, nos 10% talentosos de Du Bois. Já no fim da década de 60 nos EUA ecoavam os gritos de que isso era insuficiente que era preciso avançar na luta contra o racismo de forma revolucionária e que precisamos arrancar da mão do Estado todos os nossos direitos, e para isso precisamos mostrar para todos os nossos pares sua podridão, nos ligar a aliados e derruba-lo.
O que eu vejo nesses levantes de Baltimore de Missouri é que eles têm um grande impacto do movimento Black Power. Apesar de não ser um movimento revolucionário organizado ele tem dois pontos que são muito importantes, primeiro a ação direta na rua e o rompimento com a ideia de não violência, segundo e mais importante que é o questionamento a algum que é fundamental em um Estado de classes que são seus homens armados, por via dos quais é possível manter o controle da classe oprimida.

Mas para que o questionamento a violência policia conseguisse de fato chegar até o fim é preciso questionar o Estado e que o controla. Para isso é necessário uma direção revolucionária, uma organização dos oprimidos que seja capaz de fazer com que esses atos avancem pra uma luta contra a opressão e exploração, assim como o Partido dos Panteras tentou fazer, mas por conta de sua estratégia equivocada e da brutal repressão do EUA não conseguiu ir até o final.

Enfim, é impossível resolver o problema da violência policial ao povo negro sem questionar o estado capitalista e sem se organizar para derruba-lo!

Infelizmente nós pouco sabemos sobre a história do movimento Black Power dos Estados Unidos ou o que significa a camisetas como a dos Panteras que sempre vemos por ai. Parte da nossa reflexão deve ser investigar nossa própria história e tirar lições sobre a organização de nosso povo e a luta contra o racismo. Pelo pouco que consegui estudar e cheguei a conclusão de que uma das coisas que nos levou ao que somos hoje é que diferente dos EUA onde houve por um certo período a influencia de um setor marxista organizado no movimento negro, isso nunca aconteceu em nosso país (alguns estudos mostram que o Partido dos Panteras Negras chegou a ter a aprovação de mais de 80% da população negra nos EUA).
A história do movimento negro e da esquerda tradicional aqui no Brasil assim como nos EUA acabam se separando, principalmente com a estalinização dos Partidos Comunistas por todo o mundo. Mas diferente daqui a resposta dos negros nos EUA não foi negar a esquerda, ou organizar tendências mais reformistas e sim fundar o seu próprio partido revolucionário organizando os negros para junto a todos os povos oprimidos tomarem o poder. Já aqui o que vimos foi um fortalecimento de visões reformistas e da tática de pressão no Estado, passando longe da a preparação para a tomada do poder.

Bom todo esse processo leva com que mesmo em nosso país onde os negros morrem muito mais pelas mãos da polícia, consigamos ver apenas uma parte de Baltimore. As balas da polícia! Para que possamos nos levantar como tem feitos nossos irmãos é preciso fazer balanços, pensar como nos organizar, que linhas seguir e etc.

Em minha opinião uma mudança de qualidade só é possível a partir de várias mudanças, o que gostaria de deixar como reflexão nessa parte é a necessidade de que o setor revolucionário do movimento negro discuta junto aos setores combativos da classe operária que se dispões a lutar contra a exploração e o racismo, sobre estratégia, organização e etc.

Na minha concepção precisamos levantar uma grande fileira revolucionária no movimento negro, assim como precisamos organizar a classe trabalhadora para lutar contra o racismo e se colocar ao lado dos oprimidos e então avançar nessa disputa.

Questionar o braço armado do Estado até o fim só é possível a partir de um bloco revolucionário que se coloque contra o braço armado do Estado, tenha ele o nome que tiver e que esteja disposta a tomar em suas mãos o rumo de nossa história a partir de uma estratégia revolucionária.

Em Baltimore ou no Brasil somos nós os responsáveis pelo nosso futuro e o de nossos irmãos. É preciso tomar uma posição URGENTE, nosso povo não aguenta mais morrer nem sofrer com as mazelas desse sistema podre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário